|
maio 31, 2011
Dono do Cine Belas Artes é o novo diretor do MIS em SP por Morris Kachani, Folha de S. Paulo
Dono do Cine Belas Artes é o novo diretor do MIS em SP
Matéria de Morris Kachani originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 31 de maio de 2011.
Leia também as matérias e respostas que compõem o Dossiê MIS e Paço das Artes: A morte anunciada de um modelo de gestão.
O coordenador de Fomento e Difusão da Produção Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de SP e ex-proprietário do Cine Belas Artes, André Sturm, foi escolhido como novo diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) em assembléia do Conselho Administrativo da Organização Social responsável pela instituição, realizada nesta segunda-feira (30). A informação foi dada pelo secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo. A ata da assembleia deve ser publicada amanhã.
"Vamos ampliar a abrangência do MIS mantendo-o na vanguarda", comemorou Matarazzo. O secretário havia indicado Sturm para o posto e vinha, nos últimos meses, cobrando da OS mudanças nas diretrizes do museu. "O MIS não pode ser tão hermético. Vamos abrir espaço ao debate das mídias tradicionais. Não se pode disponibilizar a verba de R$ 12 milhões por ano para um público de apenas 80 mil pessoas", disse.
Sturm substitui Daniela Bousso na diretoria executivo. E Jacques Kann substitui Selim Harari como diretor administrativo-financeiro. Otimista, Sturm pretende ampliar o alcance das atividades do museu. "Vamos incentivar o cinema e a produção fotográfica contemporânea. Transformar o MIS novamente em referência no panorama cultural de São Paulo", disse o novo diretor.
CRÍTICAS
A indicação de Sturm não é consenso. Uma petição pública com adesão de mais de 600 pessoas entre artistas, gestores culturais, acadêmicos e estudantes circula na internet desde a semana passada. A entrada de Sturm é vista por este grupo como uma intervenção do governo do Estado na gestão do MIS.
O pano de fundo desta discussão diz respeito ao foco nas novas mídias. Vinha sendo esta a diretriz da antiga diretoria. E os desentendimentos começam na própria definição do termo. Para Sturm, é a arte contemporânea que usa o audiovisual como meio de expressão. O novo diretor reconhece conquistas significativas na área --embora chame-a de "vanguarda da vanguarda"-- e garante sobrevida a esta atividade. Mas a ideia é ampliar o foco.
A pesquisadora e professora da PUC-SP Lucia Santaella, uma das signatárias da petição ao lado da artista plástica Regina Silveira, considera a destituição da antiga diretoria um retrocesso. "É a velha história. Quando muda um governo, a instituição fica ao sabor dos humores do novo secretário. O projeto anterior merecia continuidade", diz.
Para a professora, o trabalho com novas mídias tem outro significado: "Tanta ignorância até me irrita. 'Novas mídias' é o que aconteceu com todas as linguagens depois do computador. É a mídia digital que vem depois da mídia de massa. E hoje vanguarda é trabalhar com isso", diz. "O MIS sempre foi de vanguarda. Foi o primeiro museu a abrigar uma exposição de holografia, por exemplo. A destituição de Daniela significa um retrocesso", lamenta Santaella.
"O MIS não pode ser tão hermético. (...) Não se pode disponibilizar a verba de R$ 12 milhões por ano para um público de apenas 80 mil pessoas" Lá vem o Governo com o pior da retórica pragmática empresarial, dizendo que a Cultura tem que ter retorno quantitativo. Que adianta 'desermetizar' o MIS e transformá-lo numa Disneylandia pseudo-avantgarde. Pura lorota demagógica. Mas sabe o que parece pior? É que eles realmente acreditam nisso. Fuck the Government!!!
Posted by: Peterson Ruiz at junho 13, 2011 9:51 PM