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maio 13, 2011
Nuno Ramos lança volume sobre sua obra no evento por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Nuno Ramos lança volume sobre sua obra no evento
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 12 de maio de 2011.
Numa obra que fez há 11 anos, Nuno Ramos espalhou móveis por covas feitas na areia de uma praia do Espírito Santo. A maré subia, engolindo cadeiras e armários.
A imagem de "naufrágio organizado", nas palavras do artista, serve de metáfora para a forma como seu trabalho é visto no mais extenso livro já feito sobre sua produção.
Esse volume de quase 600 páginas será lançado amanhã à noite, durante a sétima edição da feira SP Arte.
"É o movimento da maré, esse jogo de alteridade, disparidade e retorno, tem um motor, uma vida, uma espécie de ruína organizada", disse Ramos à Folha. "No meu caso, há mais contradições, divergências e descalabros."
Isso porque, no livro do artista que despontou nos anos 80, estão obras de toda sua carreira em ordem cronológica. A reunião das obras das últimas três décadas revela desvios da forma e oscilações de estilo e uso de materiais.
"Como eu trabalhei muito em gêneros diferentes, minhas coisas têm uma certa fratura estilística", diz o artista. "Mantendo as obras na ordem em que foram feitas, eu ressalto essa contradição."
Outro desvio, no caso, é jogar para a capa do livro uma não imagem. "Carolina" é uma obra em texto que cobre frente e verso do volume, um diálogo entre duas paredes.
"É diferente do que eu escrevo, mas há várias páginas com textos", diz Ramos, também autor de ensaios e poesias. "Quis dar a eles a mesma dignidade das imagens."
Para além das palavras e das imagens, a edição parece alcançar uma sonoridade com o texto que corre pelas bordas. É a língua, elemento central da obra de Ramos, que ganha corpo nessa montagem editorial, quase um desdobramento espacial dessa série de trabalhos falados.