|
abril 25, 2011
Rafael Campos Rocha pede uma licença poética a Deus por Diana Moura, Jornal do Commercio
Rafael Campos Rocha pede uma licença poética a Deus
Matéria de Diana Moura originalmente publicada no caderno de cultura do Jornal do Commercio em 1 de abril de 2011.
Mostra de cartuns e vídeos do artista é inaugurada no Mamam no Pátio
Se você tivesse o poder de recriar Deus, como você o faria? Ou, melhor dizendo, qual a imagem que o Todo-Poderoso tem para você? Para o cartunista paulista Rafael Campos Rocha deus é uma negra, bissexual, totalmente liberada, casada com um cara cuca fresca chamado Carlos. Com personagens de caráter pouco convencional, para dizer o mínimo, os quadrinhos do artista são publicados no seu blog, no fanzine eletrônico O poder do pensamento negativo – Como destruir a sua vida e das pessoas que você ama em duas lições, na revista Piauí, na Folha de S. Paulo e em outros veículos Brasil a fora. Hoje, ele inaugura uma mostra no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães no Pátio de São Pedro, com a exibição de cartuns e vídeos. Todos professam a liberdade de pensamento como matéria-prima para histórias tão divertidas quanto inusitadas.
Segundo o próprio artista, a exposição que acontece no Recife é um registro do seu trabalho, que, na verdade, acontece na internet. “A ideia é falar mal. Não tenho preferência por cor, credo, raça, preferência sexual. Detesto todos igualmente, inclusive a mim mesmo”, avisa Rafael, que é personagem de algumas de suas criações.
Para ver a exposição apresentada pelo cartunista, o público deve ir de espírito desarmado. Primeiro porque as histórias exigem desprendimento em relação às verdades que cercam o mundo e são incutidas nas pessoas desde o nascimento. Depois, porque senso de humor e vontade de se surpreender é algo essencial para aproveitar as criações de Rafael.
Sujeitos muito suscetíveis certamente vão ficar chocados. E também vão deixar de aproveitar os deliciosos vídeo-textos do artista sobre arte e futebol. Crítico de arte – ênfase no crítico –, Rafael consegue tecer relações inteligentes entre mestres da arte a gênios do futebol. De Lionel Messi, ele disse, comparando o jogador ao pintor polonês Wilhelm Sasnal: “Perto dele, a simplicidade de Volpi parece uma afetação. (...) Seus dribles têm a soberania do corpo sobre a mente, da técnica sobre a história”.