|
abril 25, 2011
"Queremos uma renovação total", diz Bia Nemirovsky por Silas Martí, Folha de S. Paulo
"Queremos uma renovação total", diz Bia Nemirovsky
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 23 de abril de 2011.
Após renúncia de conselheiros, herdeira da coleção de arte moderna diz que era ignorada por gestão antiga
Nemirovsky pediu ao MP que afastasse o ex-presidente da fundação, Jorge Wilheim, que se "perpetuava no poder"
Dois dias depois da renúncia dos conselheiros eleitos da Fundação Nemirovsky, que tem uma das maiores coleções de arte moderna no país, a herdeira das obras disse à Folha que ficou "muito feliz" com a saída coletiva.
"Queremos uma renovação total, porque todos que estão lá faziam parte do complô para nos excluir", disse Beatriz Nemirovsky, 45. "Não conhecia os conselheiros, nem tinha voz. Não é justo, sou a herdeira, a filha de quem criou tudo isso, e não me consultam para nada."
Na última terça-feira, deixaram a fundação os conselheiros Antonio Henrique Amaral, Antonio de Franceschi e Jorge Wilheim, que presidiu a instituição por dois mandatos e acabara de se reeleger para um terceiro.
Nemirovsky pediu que o promotor Airton Grazzioli, curador de fundações do Ministério Público paulista, entrasse com ação judicial há dois meses pedindo o afastamento de Wilheim, alegando que, segundo o estatuto da fundação, conselheiros podem ter só dois mandatos.
No mês passado, foi concedida uma liminar determinando a saída do presidente e dos demais, que renunciaram agora a seus cargos.
"Jorge Wilheim queria se perpetuar no poder; estava quase querendo mudar o nome da fundação", disse Nemirovsky. "Ele quebrou as regras. É uma violação e uma falta de respeito comigo e com minha falecida mãe."
Paulina Nemirovsky, que construiu a coleção ao lado do marido José Nemirovsky, havia escolhido Wilheim para a presidência da fundação antes de morrer, em 2005.
Com a saída dele e dos demais conselheiros, Grazzioli e o juiz do caso, Luis Augusto de Sampaio Arruda, deverão indicar novos nomes para a fundação, que agora tem no conselho Beatriz Nemirovsky e seus filhos -gêmeos de 20 anos e uma jovem de 19.
Desde 2004, a coleção Nemirovsky, com cerca de 200 obras, está cedida em comodato à Secretaria de Estado da Cultura, que exibe os trabalhos em caráter permanente na Estação Pinacoteca.
Entre os destaques do acervo estão a tela "Antropofagia", de Tarsila do Amaral, e obras de modernistas brasileiros, como Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi e Ismael Nery. Trabalhos de Hélio Oiticica e Lygia Clark também integram o conjunto, além de duas obras do artista espanhol Pablo Picasso.
Tivemos o prazer de conhecer um trabalho exemplar ao longo destes anos. O problema é que ser filho deste ou daquele artista, não garante nada. Ao contrário, temos exemplos clássicos na Arte Brasileiro de ingerência, desconhecimento técnico, desleixo, entre outros, o que impede que se conheçam as obras de arte e a arte por aqui produzida.
Espero que esta história tenha o seu 'happy end', onde a sobriedade e a reflexão, venham a fazer parte das decisões judiciais. Agora, nepotismo não dá!!!