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abril 25, 2011
Projeto de Vik Muniz no Rio será estatizado por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Projeto de Vik Muniz no Rio será estatizado
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 25 de abril de 2011.
Artista deixa Semana de Arte e donos da marca repassam evento ao governo
Ideia original era levar obras de arte a pontos famosos do Rio, mas novo organizador não tem detalhes do projeto
Depois que desentendimentos entre empresas responsáveis fizeram naufragar a Semana de Arte do Rio, projeto de Vik Muniz que levaria obras de 16 artistas a lugares públicos da cidade, o detentor da marca tenta repassar o evento para o Estado do Rio.
"Cresceu demais aquele projeto, ficou grande demais e a gente achou que teria prejuízos", disse à Folha Guilherme Magalhães, diretor da Nau, a produtora que ficou com os direitos sobre a marca. "Estamos fazendo uma doação disso para o Estado para não ter sobressaltos nem confusão de verbas."
No caso, são R$ 20 milhões de orçamento para bancar uma megaestrutura, tentativa do Rio de fazer frente à Bienal de São Paulo, segunda maior mostra de arte no mundo e mais importante evento do tipo no país.
Mas nada está decidido e desavenças entre organizadores jogam uma sombra de dúvida sobre o evento. Segundo a secretaria estadual da Cultura do Rio, "até o momento tudo que houve foram sondagens, as conversas estão muito embrionárias".
POUCOS DETALHES
Magalhães, vice-presidente da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, diz que está tentando integrar os espaços expositivos da escola e a Casa França-Brasil ao roteiro de sua Semana de Arte.
Mas se o plano original era montar instalações de artistas estrelados como o dinamarquês Olafur Eliasson, o sul-africano William Kentridge e as brasileiras Adriana Varejão e Beatriz Milhazes em pontos famosos do Rio, poucos detalhes sobre o novo projeto estão definidos.
"Tentei fazer isso e não consegui", disse Vik Muniz, autor do projeto original, à Folha. "Agora vão buscar outro curador e fazer do jeito que eles querem fazer."
Enquanto a nova Semana de Arte não sai do papel, Muniz e sua namorada, Malu Barreto, estão fundando uma organização de interesse social, a Arte em Trânsito, para produzir algo próximo do que seria a ideia original.
Chamada Mostra de Arte Pública do Rio, deve reunir os mesmos nomes nos mesmos moldes, mas ainda não tem data para acontecer.
Norman Foster fará maratona do artista no Rio
Enquanto não se concretizam os planos mais ambiciosos de Vik Muniz, já está confirmado para agosto, no Rio, um dos eventos que fariam parte de sua Semana de Arte.
Pela primeira vez no Brasil, o curador suíço Hans Ulrich-Obrist, da Serpentine, em Londres, fará uma de suas famosas maratonas de entrevistas.
Nos encontros que vem fazendo pelo mundo, Ulrich-Obrist reúne artistas, curadores e outras personalidades para entrevistas em série, chegando a durar 48 horas, em geral sobre um tema comum.
No Rio, ele vai falar sobre o futuro das cidades com o arquiteto britânico Norman Foster e também deve entrevistar a dupla de artistas Gilbert & George, um dos maiores nomes da arte do Reino Unido.
Serão 50 convidados no total, divididos entre 30 brasileiros e 20 de fora.
Muitas das entrevistas de maratonas passadas já estão publicadas no Brasil em livros que saíram pela editora Cobogó, que compilou suas conversas com Yoko Ono, Merce Cunningham, Robert Crumb, Jeff Koons e brasileiros como o curador Walter Zanini e o poeta Augusto de Campos.
Segundo Malu Barreto, namorada de Muniz e produtora do evento ao lado da espanhola Isabela Mora, os demais nomes da maratona carioca não estão confirmados, mas Ulrich-Obrist já tem em mente outros brasileiros que pretende entrevistar.
Entre os nomes dessa nova leva de conversas, estão o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, do Oficina, e os músicos Tom Zé e João Gilberto. (SM)