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abril 11, 2011
Cinema navegável por Paula Alzugaray e Nina Gazire, Istoé
Cinema navegável
Matéria de Paula Alzugaray e Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 8 de abril de 2011.
Parceria entre São Paulo e Buenos Aires gera exposições simultâneas que abrangem novas formas de cinema interativo
PERCEPTUM MUTANTIS/ Museu da Imagem e do Som, SP/ até 8/5
INFINITO PAISAJE/ Fundación Telefónica, Buenos Aires/ até 11/6
Cinemas do futuro, estética da transmissão, pós-cinemas, cinema ao vivo, cinema interativo, transcinemas. São muitos os termos que procuram designar um campo que não para de mudar e expandir. Cinema é sétima arte, sim, com direito a sala escura, narrativa linear e final feliz. Mas o cinema do século XXI também lida com dispositivos robóticos, programação numérica, sensores e outros recursos tecnológicos, investigados por artistas que experimentam nos limites da linguagem. Alguns deles ocupam hoje todo o Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, na exposição “Perceptum Mutantis”, que reúne obras de quatro artistas argentinos e dois brasileiros cuja motivação gira em torno de recursos fílmicos e maquínicos.
Portas que se abrem e se fecham quando o espectador se aproxima ou se distancia, leds que articulam imagens a partir do corpo em movimento, dispositivos de interação e sensores de presença são alguns dos recursos utilizados nas 11 obras dessa exposição. “A intenção é a de trabalhar em várias direções, articulando um grupo de artistas que lidam com diferentes dispositivos de interatividade”, afirma Daniela Bousso, curadora e diretora do MIS-SP. As instalações dos brasileiros Katia Maciel e André Parente representam bem a tese dessa exposição: atentar para como os meios audiovisuais estão em mutação e servem para alterar nossos modos de percepção. “Circuladô”, de Parente, faz uma releitura em grandes dimensões do zootrópio, aparelho criado em 1834 pelo relojoeiro inglês William Horner, um tambor giratório que, ao rodar, cria a ilusão de movimento das figuras presentes no seu interior. Em “À Sombra”, o visitante que se senta no banco do jardim audiovisual de Katia Maciel é o protagonista da ação. Cercado da paisagem de uma praça pública, é a sua presença no espaço que detona a movimentação da cena. Já o argentino Mariano Sardón aborda a interatividade implícita à literatura. Sua instalação “Libros de Arena” relaciona o movimento das mãos do interator sobre um cubo de areia com textos do escritor Jorge Luis Borges.
A exposição é realizada em parceria com a Fundación Telefónica de Buenos Aires, que, concomitantemente, apresenta uma exposição panorâmica de obras de Katia Maciel e André Parente. O projeto sela o saudável encontro entre duas instituições antenadas aos mesmos propósitos de promover a investigação e o desenvolvimento de projetos inovadores.