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março 23, 2011
O que o artista tem a dizer sobre as cidades por Paula Alzugaray, Istoé
O que o artista tem a dizer sobre as cidades
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na Istoé em 11 de março de 2011.
CONTAMINACIONES CONTEMPORÁNEAS/ MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA USP, SP/ até 27/3
Uma das grandes mazelas globais é a falta de estrutura para o excesso populacional em aglomerados urbanos. Mas, longe de pensar apenas nas consequências negativas desse crescimento desregrado, 12 jovens artistas chilenos realizam uma reflexão sobre o espaço da cidade na exposição “Contaminaciones Contemporáneas”. A mostra, que também apresenta um pequeno panorama da produção artística do Chile atual, oferece diferentes perspectivas e olhares sobre os cenários urbanos do país e de outros lugares do mundo. Um exemplo é a série de fotografias de Francisca Benitez, denominada “Próteses do Novo Êxodo”. Essas fotos foram tiradas em comunidades judias da cidade de Nova York, onde, durante o outono, são construídas estruturas nas áreas externas das moradias e prédios. As sucás, como são chamadas essas construções, integram um ritual no qual as famílias judias relembram a história da passagem do povo hebreu pelo deserto.
Ao escolher o termo “contaminação” para traçar a linha curatorial evoca-se a vivência do urbano como fenômeno global de inspiração artística. “As ideias sobre a contaminação aqui são reais e ao mesmo tempo abstratas. É por ela que podemos perceber como o homem intervém nas diferentes paisagens, ainda que seja um bairro, como no caso da obra de Benitez, em que uma zona da cidade é alterada durante uma semana por causa de um rito religioso”, diz o arquiteto chileno Paul Birke, um dos idealizadores da exposição.
A interseção entre a cidade e a criação perpassa indiretamente toda a produção de arte desde o Renascimento até os tempos de hoje. Por isso, nesta exposição estão presentes desde estruturas arquitetônicas universais, como encanamentos espalhados pela galeria feitos pela artista Johanna Unzueta, até elementos típicos de culturas urbanas específicas, como, por exemplo, as maquetes e projetos futuristas feitos para a cidade de Santiago e apresentados pelo artista Ales Villegas, que funcionam como um registro dessa paisagem artística atual do Chile e de suas cidades.