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março 21, 2011
Festival Nova Cultura Contemporânea ocupa Casa França-Brasil e EAV por seis semanas por Carlos Albuquerque, O Globo
Festival Nova Cultura Contemporânea ocupa Casa França-Brasil e EAV por seis semanas
Matéria de Carlos Albuquerque originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Globo em 21 de março de 2011.
RIO - Arte e progresso. Com essa bandeira em movimento, 130 artistas do Brasil e do mundo vão se espalhar pela Casa França-Brasil e pela Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage a partir de hoje e durante as próximas seis semanas, num frenético processo de criação coletiva. É primeira edição carioca da nada estática mostra Nova Cultura Contemporânea.
Combinando trabalhos entre instalações e performances musicais, o evento, de inspiração catalã e que teve sua primeira edição ano passado, em Los Angeles e São Paulo, pretende oferecer ao público - convidado não apenas a visitá-lo, mas a participar - um novo sentido da expressão "obra em progresso".
- A ideia central da mostra é exibir o processo de criação desse grupo de artistas, novos em sua maioria, e aproximá-los do público de uma maneira radical - explica o espanhol David Quiles Guilló, diretor e curador da mostra. - Dentro desse conceito, todos vão trabalhar de forma menos egocêntrica e mais coletiva, em função de algo maior. E o público vai poder estar bem perto dos artistas, para conversar e até cutucar.
Na mostra, nomes como a pintora americana Maya Hayuk, o fotógrafo italiano Filippo Minelli, o produtor sueco de techno Dungeon Acid, a dupla italiana de "jazz visual" Abstrac Birds e o artista multimídia carioca Heleno Bernardi - todos representando a vanguarda das artes visuais digitais - vão se juntar, como se estivessem numa escola, em grupos de até dez integrantes para criar obras colaborativas, "em camadas", como diz Guilló.
Site acompanha os trabalhos
Ao longo de cada semana, o processo será filmado e poderá ser acompanhado pelo site do evento (rojo-nova. com /2011/rio). Aos sábados, os resultados poderão ser vistos na Casa França-Brasil, na Sala de Projetos.
- É o nosso quarto do pânico - brinca o curador, que há dois anos se divide entre Barcelona e São Paulo.
A mostra vai gerar também dois filmes, um documentário e uma ficção, sobre os artistas e o evento em si.
- O documentário vai tratar os artistas como personagens centrais, explorando suas vidas enquanto criam no meio dessa loucura toda - conta o curador. - E a ficção vai absorver as obras com parte do roteiro. Os dois filmes serão distribuídos comercialmente e vão entrar em festivais internacionais.
No Parque Lage, segundo o curador, vão acontecer debates e também serão instaladas "obras-surpresa" em torno do prédio da EAV.
A seleção dos artistas também passa por Guilló. A mostra é uma parceria com a "Rojo", mistura de revista (distribuída em mais de 40 países) e centro cultural, fundada por ele em 2001 com o objetivo de divulgar o trabalho de novos artistas. A "Rojo" hoje está associada a mais de mil nomes, além de ter 28 salas de exposições pelo mundo.
- Em dez anos, fizemos mais de 900 eventos, de diversos formatos, em várias parte do mundo - conta ele.