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fevereiro 21, 2011
Passado e futuro em alguns cliques por Paula Alzugaray, Istoé
Passado e futuro em alguns cliques
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na Istoé em 18 de fevereiro de 2011
Tony Oursler inaugura museu de mídias digitais da Adobe e Google disponibiliza navegação por galerias de 17 grandes museus
VALLEY-TONY OURSLER/ www.adobemuseum.com
GOOGLE ART PROJECT/ www.googleartproject.com/
A visita virtual mostra um edifício de arquitetura arrojada, localizado em alguns dos maiores cartões-postais do planeta. Ele supera os arranha-céus de Nova York e contrasta com o casario renascentista veneziano.
Mas o recém-inagurado Adobe Museum of Digital Media (AMDM) é um espaço sem similar: existe apenas no ambiente digital e foi especialmente projetado para exibir obras artísticas realizadas em mídias digitais.
Bem-vindo ao museu online: ele tem entrada livre 24 horas por dia e expõe trabalhos que não poderiam estar em nenhum outro lugar além do seu computador.
Em cartaz desde o início de fevereiro, a mostra inaugural do AMDM conta com o projeto “Valley” do artista americano Tony Oursler especialmente concebido para o museu. O ambiente virtual é efetivamente o lugar ideal para entrar em contato com a obra desse artista que há 30 anos experimenta novas mídias para produzir seus seres fantasmáticos com indagações existencialistas. Em “Valley”, ele criou 17 áreas interativas. No segmento “Vídeo”, por exemplo, a Adobe pede permissão para ativar a webcâmera do usuário, que, ao aceitar, entra no trabalho de Oursler.
“Valley” é atualmente a única sala habitada desse museu que, se fosse construído no mundo real, teria 57.870 m2 de espaços expositivos. Mas o AMDM já conta com uma sala de discussão, na qual os visitantes podem deixar seus comentários. As redes sociais estão entre os maiores diferenciais dos museus online em relação aos espaços físicos. Com essa ferramenta, todo espectador é um crítico em potencial. A maior crítica que o AMDM já recebeu de seus usuários é em relação à sua falta de interatividade. O maravilhoso edifício do arquiteto Filippo Innocenti é uma construção que não pode ser navegada: é impossível escalar as torres que guardariam sua “coleção permanente”, por exemplo. Talvez porque o museu ainda não tenha um acervo? Ou porque ainda falte conteúdo ao site. “A maioria das pessoas esperava navegar com liberdade através do edifício, o que não é o caso”, postou o usuário PUSHINGUPPIXELS.
Ao contrário do AMDM, a navegação é o grande trunfo da galeria virtual Google Art Project. Desde o início de fevereiro, o site viabiliza passeios virtuais a galerias de 17 grandes instituições de todo o mundo. Ao alcance do internauta estão obras-primas da história da arte, como “O Nascimento da Vênus”, de Botticelli, na Galeria Uffizi, ou “The Night Watch”, de Rembrandt, no Rijksmuseum.
A escolha das obras expostas ficou a cargo das curadorias dos museus, que justificam a disponibilidade limitada devido aos direitos autorais dos artistas vivos (leia bate-papo). Em sua fase inicial, o projeto dispõe de 1.060 obras, com possibilidade de visualização em lentes de aumento que podem chegar à incrível resolução de 7 gigapixels. Mas a experiência do Google Art Project é puramente visual e não substitui o universo de possibilidades oferecidas por um museu online hoje: de vídeos com artistas a ferramentas de compartilhamento de dados. No entanto, o projeto pode aumentar consideravelmente a visita aos sites dos museus que estão participando. E isso é um grande feito.