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fevereiro 18, 2011
Desentendimentos impedem a semana de arte do Rio por Catharina Wrede, O Globo
Desentendimentos impedem a semana de arte do Rio
Matéria de Catharina Wrede originalmente publicada no segundo caderno do jornal O Globo em 15 de fevereiro de 2010.
Vik Muniz pretende dar continuidade ao projeto sozinho
Anunciada com entusiasmo e recebida em forma de grande notícia para a cidade, a Semana de Arte do Rio, que aconteceria em maio, naufragou. Os sócios das empresas Prole, Nau e FAAP, responsáveis pelo projeto, que previa intervenções de grandes nomes brasileiros e estrangeiros pela cidade, seminários e um prêmio, e pretendia se firmar como o maior evento de arte do Rio, reconhecido pelo mundo, se desentenderam. Segundo Vik Muniz, o curador convidado, o problema não foi orçamentário.
— Fiz tudo para o projeto funcionar. Até conseguir o dinheiro eu consegui, mas estava na mão de outras pessoas. Eu não tinha ideia da complexidade que é trabalhar com a iniciativa privada. Eram pessoas de áreas muito diferentes, que achavam, num otimismo utópico, que teriam opiniões unificadas — diz o artista.
Malu Barreto, mulher de Vik e diretora da Prole, lamenta:
— É muito chato isso, porque já estava tudo pronto em termos de produção, trabalhamos um ano inteiro nisso. E falo como mulher do Vik mesmo, por conta do comprometimento dele com os artistas...
William Passos, um dos donos da Prole, diz, em nome de todos os sócios da Semana, não saber o que vai acontecer:
— Não sei se a sociedade vai se desfazer ou não. Estamos com tudo parado, vendo possibilidades do que pode ser feito.
Mesmo com o fim, Vik diz que quer dar continuidade à ideia:
— Fiquei muito triste, e isso me deu mais vontade de fazer. Isso tem que ser trabalhado de alguma forma, é só uma questão de achar as pessoas certas para trabalhar.
Vic não desista, em 1979 quando organizei uma mostra apresentada na "Nobè Gallery" (57th street- Manhanttan- Nova Iorque), da qual participaram:
- AMALIA TOLEDO,
- ANNA BELLA GEIGER
- ANNA MARIA MAIOLINO
- ANNA SZULC
- BENÉ FONTELES
- BETTY LEIRNER
- CARLOS VERGARA
- CARLOS AUGUSTO LACAZ
- CILDO MEIRELES
- CLAUDIO TOZZI
- DIMITRI RIBEIRO
- EDGARD BRAGA
- FLORIANO RAISS
- FRANCISCO INARRA
- GABRIEL BORBA
- GRABRIEL ZELLMASTER
- GENILSON SOARES
- GILSELDA LEIRNER
- GRETTA
- HELIO OITICICA
- JULIO PLAZA
- LEONHARD FRANK DUCH
- LYGIA CLAK
- LYGIA PAPE
- LUCIANO FIGUEIREDO
- LUIZ FERREIRA
- MARIA CARMEM ALBERNAZ
- MARIA DO CARMO SECCO
- MARIA LUIZA SADI
- MARIO ISHICAWA
- MAURICIO FRIEDMAN
- NELSON LEIRNER
- NEWTON MESQUITA
- OSMAR RAMOS
- OSMAR FONSECA
- PAULO BRUSKY
- PAULO GARCEZ
- REGINA SILVEIRA
- REGINA VATER
- ROBERTO EVANGELISTA
- ROBERTO KEPLER
- ROGÉRIO LUZ
- RUBENS GUERCHMAN
- TERESA SIMÕES
- TUNEU
- TUNGA
- UBIRAJARA RIBEIRO
- VERA CHAVEZ BARCELLOS
- VERA SALAMANCA
onde tentei levar a experimentação e a contemporaneidade da nossa arte pouco conhecida ate então do publico americano. Acabei também depois de uma ano de trabalho sem nenhum tostão per causa da retirada do patrocínio prometido por um grande banco brasileiro (inclusive depois que várias obras de artistas já tinham sido fotografadas pelo Pedro Oswaldo Cruz e Romulo Fialdini e que a Aracy Amaral já ter me entregue um texto pro defunto cátalogo, despesas que eu tive que arcar pessoalmente). Mas alentada por Linda Shearer e pela adida cultural americana, contando apenas com duzentos dólares dados por dois industriais paulistas, uma passagem, coquetel dados e convites impressos pelo Itamaraty, fui em frente. Transportando as obras no meu portfolio e contando com ajuda de amigos em Nova York mais o resultado de uma vaquinha entre os artistas iniciada pela Lygia Clark. , passei na alfândega americana alegando que levava cartazes…Amparada pela coragem e a confiança dos participantes consegui finalizar o projecto e acabei conseguindo não só notas na imprensa brasileira e americana mas como também a presença de gente com John Cage, Joseph Beuys, Richard Kostelatz, Quentin Fiori, Simoni Forti, Suzan Frecon, o editor do New York Times, etc, etc.. Proponho que você organize algo como os mitos vadios dos quais participei em São Paulo e que foram também feitos no muque. Não sei se hoje em dia este tipo de coisa é possível mas creio que sempre haverá espaço para abafar o grande 'Não' do Universo.
Fé e coragem!
Abraços
Regina Vater
Querida Regina Vater, nos anos 70/80 ainda rolava paixão no mundo da arte. Hoje em dia, tem que rolar milhões, senão nada acontece.
Da adversidade vivemos!