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dezembro 13, 2010
Bienal de São Paulo chega hoje ao fim por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 12 de dezembro de 2010.
Mostra no Ibirapuera atraiu cerca de 530 mil pessoas até agora para ver obras de 159 artistas e 300 atividades
Saiba o que priorizar em visita rápida no último dia para não perder as obras mais clássicas e trabalhos polêmicos
Foram mais de 80 dias de exposição, obras de 159 artistas, algumas centenas de performances, exibições de filmes, palestras e debates.
Também dois ataques de pichadores e uma dramática retirada de três urubus do pavilhão, na calada da noite.
É com saldo meio positivo e negativo que termina hoje a 29ª Bienal de São Paulo. Até agora, cerca de 530 mil pessoas visitaram a mostra.
Se ainda não chegou à marca de 1 milhão de visitas que planejava, essa edição conseguiu devolver o público à mostra esvaziada de dois anos atrás, quando um andar inteiro ficou sem obras em protesto pela crise política e financeira da instituição e ainda foi alvo de pichadores.
Dessa vez convidados a participar, membros do grupo Pixação SP reivindicaram autoria do ataque à obra de Nuno Ramos, que mantinha três urubus num viveiro dentro do pavilhão, retirados depois por ordem do Ibama.
Em todo caso, foi uma mostra de retomada, com caráter museológico. Quem fizer uma visita derradeira hoje pode aproveitar para ver alguns clássicos da arte brasileira, como os "Ninhos" de Hélio Oiticica, a reedição em vídeo da performance "Divisor", de Lygia Pape, e a documentação das performances do artista Flávio de Carvalho.
Entre os contemporâneos, a instalação "Bandeira Branca", de Nuno Ramos, mesmo sem os urubus que faziam parte da obra, é um dos trabalhos mais fortes da Bienal.
Junto dele, "Abajur", instalação de Cildo Meireles em que homens escondidos sob um cenário movimentam o desenho de uma paisagem idílica, é outro ponto alto.
Ramos e Meireles, já consagrados, encontram eco na poética de jovens revelações, como Jonathas de Andrade e Henrique Oliveira, que falam de um Brasil menos ufanista, mais soturno em suas obras.
Entre os estrangeiros, destaque para os painéis do artista conceitual Joseph Kosuth e a obra audiovisual de Chantal Akerman, Nan Goldin, Steve McQueen, Apichatpong Weerasethakul e Harun Farocki. Todos refletem sobre a natureza da imagem num momento em que o Brasil repensa a sua cara.