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dezembro 3, 2010
Pioneiro da gravura em metal tem mostra em São Paulo por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 3 de dezembro de 2010.
Cerca de 60 obras de Carlos Oswald, artista que retratou Florença e o Rio do início do século 20, estão em cartaz na Caixa Cultural
Uma mulher reclina a cabeça e fecha os olhos. Foi esse sonho que o artista Carlos Oswald retratou na primeira gravura que fez no Brasil depois de começar a carreira na Itália, em que passou certo tempo desenhando bois movendo blocos de mármore.
Das paisagens cruas da Toscana, e mesmo cenas urbanas de Florença, onde nasceu, Oswald fez no Rio paisagens bucólicas da então capital da República, donzelas ao piano e uma série de alegorias religiosas que inventou. Esses dois lados da produção do pioneiro da gravura em metal no país, morto em 1971, estão agora em mostra com cerca de 60 obras na Caixa Cultural, em São Paulo.
Filho de uma italiana e um brasileiro, o artista começou em Florença a técnica que depois difundiu no Liceu de Artes e Ofícios do Rio. Na fase italiana, que ocupa metade da galeria, estão ciprestes ao vento, a célebre ponte dos ourives florentinos e animais arrastando todo o mármore de Carrara.
Quando chega ao Rio, dá viés mais lírico à produção.
Usa cor em cenas da praia e registra também a aleia do Jardim Botânico. Inova na composição de cenas religiosas, deslocando Cristo e a luz que recai sobre ele para o canto de duas composições.
Sua irmã aparece tocando piano noutra gravura. Oswald dá ao vestido da moça, à sua pele e ao plano de fundo da composição uma textura mais difusa, que parece abraçada pelas cores.
Talvez pela influência do pai, o músico Henrique Oswald, ele também tenha feito uma série de retratos de grandes compositores, como Bach, Chopin e o maestro brasileiro Carlos Gomes.