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dezembro 3, 2010

Brasil tem mercado com maior potência, diz diretor de feira por Lucrecia Zappi, Folha de S. Paulo

Matéria de Lucrecia Zappi originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 3 de dezembro de 2010.

À frente da Art Basel há 3 anos, Marc Spiegler reforça papel latino e diz que vendas do setor estão aquecidas

Nona edição americana do maior evento das artes segue até o próximo domingo com mais de 250 galerias

"Fundamental é visitar as galerias, além dos 45 minutos que antecipam os lances, quando posso conversar com as pessoas", diz Marc Spiegler, apertando o passo em Chelsea, bairro de Nova York que concentra o maior número de galerias da cidade. Estamos na semana de leilões de arte contemporânea.

É a última parada do codiretor da Art Basel antes de ir a Miami para a nona edição americana da maior feira de arte do mundo, a Art Basel Miami Beach, que vai até domingo, com mais de 250 galerias participantes.

Será que a trinca Sotheby's-Christie's-Philips empolga pelas compras ou o impulso dos colecionadores assusta, por gastar tudo em Nova York e se conter mais em Miami?

"Só nesta semana foram US$ 650 milhões [R$ 1,1 bilhão] de vendas nos leilões", afirma Spiegler, otimista, ao que o galerista Andrew Kreps reage, rindo: "A coisa está indo tão bem que vão voltar a falar em fundo de arte".

Mesmo que o ex-jornalista Marc Spiegler, 42, seja codiretor da feira há três anos -ele é responsável pelo conteúdo, enquanto Annette Schönholzer cuida do design-, é difícil não compará-lo a seu antecessor.
Sam Keller não só reinventou Miami ao criar a Art Basel Miami Beach em 2000 como fez da feira o maior polo da arte latino-americana.

Resta a Spiegler, natural de Chicago, que mora em Zurique -além do inglês, fala francês e alemão-, reforçar o sangue latino da feira. Para o comitê que seleciona as galerias, do qual a galerista Luisa Strina participa desde o início, Spiegler convidou Márcio Botner, de A Gentil Carioca, no Rio, e o mexicano José Kuri, da Kurimanzutto.

BRASIL
"Nossa relação com o Brasil é intensa. É o mercado com a maior potência, temos muitos colecionadores e galerias aí", afirma Spiegler.

E por que não fazer uma extensão da feira no Brasil? "Iríamos canibalizar o que já temos. Muitos colecionadores latinos têm família, casas e negócios em Miami, se sentem em casa lá."

Ao entrar na exposição de Robert Rauschenberg, na galeria Gagosian, ele se impressiona: "Outra exposição com qualidade de museu".

As pessoas têm deixado de ver exposições individuais para frequentar as feiras? Spiegler acha que sim, mas frisa que o objetivo da feira é fazer contatos.

"Crucial na equação é que se descubram obras e galerias novas. Ao desenhar o espaço, criamos vizinhanças com estéticas parecidas que atraem colecionadores semelhantes", diz ao entrar na galeria Yvon Lambert.

Nas paredes, há réguas disformes, feitas a partir de fotos de silhuetas de prédios destruídos pelo terremoto de 1985 na Cidade do México. "É uma direção nova que o artista Carlos Amorales está tomando? Caos com rigor é muito latino-americano."

Miami transpira arte com 20 eventos paralelos

Não dá para ver tudo.
A feira Art Basel Miami Beach é só a ponta do iceberg -no sol. Na cidade, há mais de 20 eventos do gênero acontecendo ao mesmo tempo, além dos museus, das coleções particulares e de outros projetos.
Especialmente em Miami, arte e excesso são lugar-comum: na recuperação da crise, há quem veja isso como otimismo.

Até domingo, é esperado que mais de 40 mil pessoas circulem pela nona edição da feira, a maior do segmento dos EUA, com mais de 250 estandes com 2.000 artistas de todo o mundo.

As galerias de maior destaque estão na Art Galleries, como a nova-iorquina Marian Goodman ou as paulistanas Luisa Strina e Millan.

Mas há também a Art Kabinett, com 20 mostras, a Art Nova, com 50 artistas emergentes, e a Art Positions, na qual 14 galerias jovens mostram projetos especiais.

EXPERIMENTALISMO
O segmento mais ambicioso da feira neste ano é o Oceanfront Nights, curado pela Creative Time, de Nova York, que faz projetos públicos. A ideia é destacar o teor experimental de quatro cidades: Detroit, Cidade do México, Berlim e Glasgow.

A Art Basel Conversations promove mesas-redondas com curadores, colecionadores e artistas, e a Art Public, também da Art Basel, apresenta esculturas e instalações externas.

Além da Art Basel Miami Beach, há as outras feiras importantes como a Design Miami, a Scope a Pulse, além dos museus e das coleções privadas como a Rubell e a Margulies.


Posted by Cecília Bedê at 2:11 PM