|
novembro 3, 2010
Proibição eleva interesse e gera longas filas por Leneide Duarte-Plon , Folha de S. Paulo
Matéria de Leneide Duarte-Plon originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 2 de novembro de 2010
"Kiss the Past Hello", a exposição de fotos de Larry Clark no Museu de Arte Moderna de Paris, transformou-se no maior sucesso do outono, graças à polêmica gerada pela proibição a menores de 18.
Resultado: em três semanas, recebeu 28,1 mil visitantes. O museu estima que receberá 120 mil visitantes até 2/1. Na última quinta, uma fila quilométrica, digna de uma mostra de Picasso ou Monet, formava-se diante do museu.
Duas sexagenárias comentavam que nunca viram tantos jovens numa exposição em Paris.
"Isso é ridículo", vociferou Catherine Bignon, ao saber que não poderia entrar com a filha de 17 anos na mostra. Para ela, as fotos não são mais chocantes do que o que um adolescente vê no cinema, na TV e na internet.
"A prefeitura censura", acusaram os contrários à proibição, entre eles o jornal "Libération", que publicou na capa uma das fotos (jovens em ato sexual).
O prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, divulgou um comunicado defendendo a proibição. A seu ver, o limite de idade era a única maneira de não censurar nenhuma imagem.
Célia Meguedad e Aurélie Fantou, 20, não concordam com o veto. Para elas, os adolescentes veem cenas tão chocantes quanto as de Clark. "Talvez fosse o caso de proibir a menores de 15", diz Meguedad.
Representantes do Partido Verde no Conselho de Paris pediram ao prefeito a retirada da proibição. Para a ex-candidata do Partido Socialista à presidência, Ségolène Royal, bastaria avisar os pais sobre o conteúdo de algumas fotos.
Sem negar valor artístico ao que viu, Véronique Kieslowski, 48, opina que a decisão do prefeito é compreensível: "A proibição se justifica pelo teor das fotos, chocantes mas não pornográficas".