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outubro 20, 2010
Latinos discutem identidade por Simonetta Persichetti, Estadão.com
Matéria de Simonetta Persichetti originalmente publicada no Estadão.com em 20 de outubro de 2010
2º Fórum Latino-Americano, no Itaú Cultural traz ainda mostra e oficinas
Questionar a identidade da fotografia latino-americana e o papel da própria fotografia dentro da sociedade contemporânea. Com esse mote começa hoje, no Itaú Cultural, o 2.º Fórum Latino-Americano de Fotografia. Sob o tema Fora de Casa, Fora do Eixo, Exílio e Migrações na Fotografia, durante quatro dias, 45 convidados participam de mesas de debates, workshops e leituras de portfólios. A ideia do debate surgiu após a verificação de, segundo o curador do evento Iatã Cannabrava, uma diáspora em relação à fotografia: "Com a expressão Fora de Casa, estamos falando de como, em pouco tempo, nossas origens se tornaram destinos (a diáspora europeia virou a diáspora latina)", diz. "Com Fora do Eixo, mudamos o foco da discussão para o campo dos meios e suportes. Nesse vaivém, estamos sempre tentando definir e redefinir uma fotografia latino-americana."
Num momento em que as ferramentas de produção e disseminação de imagem se tornam cada dia mais híbridas, levando-nos a refletir também sobre o conceito da própria imagem, os debates do Fórum pretendem defender a existência, sim, de um espaço fotográfico, que aumenta a cada ano, e checar a produção contemporânea: discussões que começaram a ser fomentadas na primeira edição do encontro, em 2007, quando pela primeira vez se tentou criar uma rede de intercâmbio entre fotógrafos, produtores culturais e curadores latino-americanos para discutir fotografia. Três anos depois, com a rede de intercâmbio já mais consolidada, as questões que definem a produção da nossa imagem são intensificadas por meio de depoimentos de fotógrafos como o cubano Alberto Morell, há anos radicado no Estados Unidos, ou o italiano Paolo Gasparini, que vive na Venezuela.
Além do Fórum, há também a mostra História de Mapas, Piratas e Tesouros, com curadoria de Eduardo Brandão e cocuradoria do coletivo Cia. de Foto. O título vem numa alusão lúdica: "Queria algo que fizesse sentido dentro do desenvolvimento da história da fotografia e discutir o sentido de imagem hoje."
Tesouro cultural. A questão dos mapas apareceu ao verificar que os fotógrafos, por meio de suas obras, procuram entender sua geografia e a cidade na qual haviam nascido. A noção de Tesouros se deu pela forma de apresentação dos trabalhos: "Com tecnologia digital, em vez do conhecido portfólio, muitos apresentam suas fotos já sob a forma de livro", explica Brandão. A palavra tesouro como cultura. E o termo Pirataria recoloca em cena a questão da apropriação e autoria tão discutida no campo das artes.
Como diz Iatã Cannabrava: "O fórum se assume como um espaço para discutir não só o lugar da fotografia, mas a existência de uma estética latino-americana."