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outubro 18, 2010
Excursões de escolas enchem pavilhão da Bienal de SP nos dias de semana por Juliana Vaz, Folha de S. Paulo
Matéria de Juliana Vaz originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 17 de outubro de 2010
Nos fins de semana eles não estão lá, mas durante os dias úteis os corredores da Bienal de São Paulo são tomados por grandes grupos de pequenos uniformizados.
Até o fim da mostra no Ibirapuera, em 12 de dezembro, a fundação espera receber 400 mil pessoas (40% do total estimado) só por meio de seu projeto educativo, a maioria delas vinda de escolas públicas.
Segundo a curadora do projeto, a artista plástica e educadora Stela Barbieri, já foram feitos até agora 203 mil agendamentos.
Embora o forte desta edição sejam os vídeos, chamam mais a atenção das crianças e adolescentes as esculturas e instalações.
Se na última Bienal era o escorregador de Carsten Höller que fazia a diversão em meio ao vazio, na edição da retomada os animais de bronze de Ai Weiwei e os pêndulos enigmáticos de Tatiana Trouvé estão entre os mais citados.
Na semana passada, uma turma de 8ª série da escola estadual Suzana Dias, de Cajamar (Grande SP), se confrontava com a série de desenhos em carvão "Inimigos", em que o artista Gil Vicente aparece degolando o presidente Lula e atirando contra outras autoridades.
"É diferente das matérias que vocês aprendem na escola. Na arte tudo é certo", dizia Tiely Cáceres, 22, uma dos 300 jovens selecionados pela Bienal para guiar as turmas de escola pela exposição.
Na visita guiada da moça, de uma hora e meia, obras controversas ou não recomendada para menores de 18 anos, por conter cenas de violência e sexo -como as fotografias de "The Ballad of Sexual Dependency", de Nan Goldin, ou a série "Suíte Safada", do mesmo Gil Vicente-, saem do percurso.
"Estou aqui mais por amor do que por dinheiro", afirmou a estudante de arquitetura, que ganha R$ 1.010 por mês por quatro horas diárias de trabalho na Bienal, incluindo os sábados.
"É muito gratificante. A gente consegue mudar alguma coisinha nas crianças", dizia, embora houvesse, entre seus guiados, alguns dispersos que se queixavam de dores nas pernas.