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setembro 29, 2010
Espaços em crise por Nina Gazire, Istoé
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na Istoé em 10 de setembro de 2010
Desde os anos 70, as artes visuais se empenham em um movimento de expansão para fora do “cubo branco”, isto é, para além da neutralidade dos espaços dos museus e galerias. A arte contemporânea se conectou ao cotidiano e, em seu escape, ganhou diferentes termos para denotar essa sua relação revoltosa com o seu ambiente institucional. A land art, a arte urbana e o cinema expandido são algumas dessas modalidades. Se a “expansão” foi a principal força motriz neste processo de ocupação do cotidiano, pouco se pensou e questionou sobre as múltiplas subjetividades ali encontradas. O evento “Novas Espacialidades: Relações Contemporâneas”, que acontece em Belo Horizonte, apresenta trabalhos artísticos em diferentes suportes e reúne um time de especialistas brasileiros e estrangeiros que debatem o espaço ocupado pela arte e também sua posição de crise na atualidade.
Exemplo é o trabalho da série “Reação Natural”, de Pedro Motta (foto), que representa em uma imagem fotográfica “a noção de civilização e a noção de natureza como coisas opostas e que brigam por um mesmo espaço”, comenta o curador Eduardo de Jesus, que gerou o projeto a partir de um texto de Michel Foucault. Neste artigo de 1967, o autor francês afirma que a “era do tempo” já passou e que agora estamos vivendo a “era do espaço”, em que os territórios e as subjetividades estão sobrepostos. Segundo o curador, “a intenção do evento é pensar o espaço em múltiplos sentidos, como a questão das cidades e seus fluxos, a questão da cultura digital, as noções de território e como suas mudanças afetam a sociedade”.
Além da participação de artistas brasileiros como Detanico e Lain, Gaio Matos, Leandro Araújo, Roberto Andrés e Grupo Poro, a artista alemã Ulla von Brandenburg exibe sua instalação inédita no Brasil, “Singspiel”, destaque na última Bienal de Veneza, em 2009.