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setembro 27, 2010
Pichador ataca obra com urubus na Bienal por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 25 de setembro de 2010
Frase "libertem os urubu" foi pichada em obra do artista Nuno Ramos
Houve pancadaria entre seguranças e visitantes que apoiavam o pichador, que foi detido e levado a delegacia
Um pichador invadiu o viveiro de urubus montado no pavilhão da Bienal ontem à noite e pichou a frase "libertem os urubu" (sic) numa das estruturas de areia socada que sustentam as aves.
Aberta ontem para o público, a 29ª Bienal traz a instalação do artista Nuno Ramos, com três urubus vivos. Os animais não foram afetados.
O tumulto ontem no pavilhão começou por volta das 18h, quando uma dezena de ativistas da ONG Animais da Aldeia começou a circular pelo prédio gritando palavras como: "Bienal, cadê você? Os urubu vão morrer!".
O autor da ação, Djan Ivson, foi detido e levado à 36ª DP, na Vila Mariana. Com a invasão, houve pancadaria entre seguranças e visitantes que apoiavam o pichador. A Polícia Militar entrou no prédio numa ação com dez homens e uma viatura.
Visitantes reclamaram da truculência dos seguranças. Uma garota diz ter levado um tapa no rosto. "Quase me mataram e me enforcaram, e depois me jogaram para fora [da Bienal]", disse Ivson.
"Não vi nada disso", disse o produtor executivo da mostra, Emilio Kalil. "Houve um ato de vandalismo e estamos tomando as providências."
"Não vou prestar queixa. Quero esse cara solto", disse o artista Nuno Ramos após o incidente. "O mundo da cultura é o do diálogo, não estou revoltado, estou triste."
A Bienal diz que não fará mudanças na segurança. Ivson não passou pelo detector de metais, já que tem crachá de artista -ele faz parte do grupo Pixação SP, convidado pela própria Bienal.
"Não me arrependo de jeito nenhum de ter convidado eles", disse o curador Agnaldo Farias. Há dois anos, um grupo pichou as paredes do andar que havia sido deixado vazio pela curadoria.