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setembro 22, 2010
Serota crê em força da Bienal de SP por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Matéria por Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 21 de setembro de 2010.
Diretor da Tate fala da importância do evento fora do eixo EUA-Europa e da aquisição de obras de brasileiros
Curador britânico estreitou os laços da instituição com o Brasil por meio de mostra na Oca, realizada em 2003
A seguir, Serota segue o balanço dos dez anos da Tate, mas fala também da importância da Bienal de São Paulo.
A relação do diretor inglês tem sido intensa com o Brasil nos últimos dez anos. Em 2003, ele organizou a grande mostra do acervo da Tate, na Oca, em São Paulo, um dos fatores que ajudou o Brasil a ser o país que mais acessou o site da Tate no início do século 21, após o Reino Unido.
Já nos últimos anos, foi a vez de a Tate apresentar a arte brasileira, com grandes exposições de Hélio Oiticica e Cildo Meireles, ambos com obras adquiridas pela instituição graças ao comitê latino-americano. A Tate possui agora oito obras de Oiticica, entre elas a histórica "Tropicália". (FABIO CYPRIANO)
Folha - Qual a sua expectativa para a Bienal de São Paulo?
Nicholas Serota - Por muitos anos, a Bienal de São Paulo foi a mais importante exposição para sinalizar o desenvolvimento da arte contemporânea fora da Europa e Estados Unidos.
Sabemos também que houve momentos de dificuldade, mas eu tenho esperanças de que, em 2010, a exposição será muito forte. E a Bienal está sob uma nova direção, que tem maior independência e espero que, por isso, 2012 e 2014 sejam anos que sigam esse novo modelo.
Obras importantes de brasileiros como Hélio Oiticica foram recentemente adquiridas pela Tate por meio do comitê latino-americano. Ele foi criado por você?
Sim, esse é um grupo de apoiadores. Eles são cerca de 40 e a coordenadora é Tiqui Atencio Demirdjian, venezuelana que vive em Londres. Todos eles contribuem financeiramente para adquirirmos latino-americanos.
E, em sua maioria, compramos obras de artistas vivos, apenas ocasionalmente compramos trabalhos de meados do século 20, como fizemos com "Tropicália", de Hélio Oiticica.
Como a instituição lida com as novas mídias e redes sociais?
A internet vem se tornando algo muito importante para nós. Alcançamos grandes audiências que não conseguem vir ao prédio fisicamente, é intrigante que, após o ano 2000, nossa maior audiência fora do Reino Unido veio do Brasil.
Não tenho certeza se ainda é assim, mas com certeza é uma parcela significativa.
A Tate consegue hoje no setor privado cerca de 60% de seu orçamento. A que se deve esse sucesso?
O sucesso do programa atrai o interesse de patrocinadores, que procuram apoiar eventos que alcançam muita gente. Somos ambiciosos na filiação, temos bastante sucesso na livraria, na loja e no restaurante.
E você acredita que a Tate Modern mudou também a forma como os políticos observam as artes visuais?
Sim, acho que eles foram afetados também, percebendo que cultura não é algo para uma pequena elite, mas que alcança audiências muito mais amplas.