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setembro 19, 2010
Bienal diz que manterá desenhos de Gil Vicente, apesar de pedido da OAB, Estado de S. Paulo
Matéria publicada originalmente no Estadão Online em 17 de setembro de 2010.
Série do artista o retrata a ponto de assassinar personalidades; para OAB, ela é 'apologia ao crime'
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pediu nesta sexta-feira, 17, que uma série de desenhos de um artista brasileiro que o retratam assassinando personalidades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o papa Bento XVI seja retirada da Bienal. As informações são da agência de notícias AFP.
Segundo a entidade afirmou em um comunicado, a exibição da série "Inimigos", do artista Gil Vicente, pode ser considerada uma "apologia ao crime".
"Ainda que uma obra de arte expresse a criatividade de seu autor livremente e sem limites, deve haver determinados limites para a sua exposição pública", acrescenta o texto.
Em resposta, os organizadores da Bienal declararam em uma nota de imprensa que "um valor fundamental da instituição é a independência curatorial e a liberdade de expressão". Segundo os responsáveis, "as obras expostas não refletem a opinião dos curadores nem da Fundação Bienal" (à frente da mostra).
Segundo a Bienal, os desenhos "traduzem um incômodo do artista diante dos modos de representação política vigentes" e uma "desilusão profunda" sobre possíveis mudanças que às vezes levam a um enfrentamento violento.
"Inimigos" é uma série de nove desenhos de carbono sobre papel do tipo autoretrato realizados entre 2005 e 2006.
A compilação mostra o artista em atitudes violentas atentando contra personalidades do Brasil e do mundo.
Gil Vicente aparece degolando Lula, disparando uma arma contra a cabeça do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), e apontando uma pistola contra o papa Bento XVI.
O artista também mira com uma arma o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a rainha da Inglaterra, Elizabeth II, e o ex-primeiro ministro de Israel, Ariel Sharon, que aparece caído no chão.