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setembro 15, 2010
“Dois Pontos” abre o Amplificadores, Folha de Pernambuco digital
Matéria originalmente publicada na Folha de Pernambuco digital em 15 de setembro de 2010.
Projeto é iniciativa anual do Murillo La Greca e tem curadoria de Fernanda Albuquerque
Desdobrar um conceito em várias vertentes é o objetivo da exposição coletiva “Dois Pontos”, que inicia o ciclo de exposições do Projeto Amplificadores, iniciativa anual do Museu Murillo La Greca. Nesse caso, a ideia é ilustrada pela curadora Fernanda Albuquerque com artistas de vários Estados: Carla Zaccagnin, Enrico Rocha, Fabio Morais, Guilherme Teixeira, Hélio Fervenza, Lucas Levitan, Marina Camargo, Regina Melim e Vitor César. No entanto, a quantidade de artistas não significa uma ocupação intensiva do espaço. “A intenção é exibir trabalhos que lidem muito mais com a sugestão de imagens para o espectador”, explica a idealizadora da mostra.
Isso significa que as obras encontradas no La Greca, produzidas entre 2003 e 2010, trabalham muito mais com a reação do público aos trabalhos. Um deles é “Três Pinturas”, de Levitan; na verdade um facho de luz na parede, acompanhado por uma descrição minuciosa de uma pintura de paisagem. O mesmo caminho é seguido por Fábio Morais em “O Performer”, com uma narrativa no lugar do registro de uma ação do artista. O objetivo seria fazer com que as pessoas completassem a obra imaginando a cena pensada por ele. Vítor César traz “Destinatário”, com reprodução de etiqueta usada na identificação de presentes, com os campos “De” e “Para”.
Já Enrico Rocha faz um montinho com 100 mil peças de quebra-cabeça no chão do museu, no qual o espectador pode tanto começar a montar como apenas observar. O objeto mais lúdico da mostra é “Rolê”, de Guilherme Teixeira, um skate circular com capacidade entre 2 a 10 pessoas. Zacagnini, por sua vez, foi até a Suécia filmar o sol da meia-noite, em que a câmera fotográfica é posta em cima de uma vitrola e fica girando, levando à tontura.
A mostra também tem uma parte dedicada a publicações: Regina Melin traz uma espécie de coletânea de trabalhos de outros artistas, que dão instruções para demandar a participação de quem lê. Marina Camargo transporta as esculturas de Constantin Brancusi para um folheto que mostra como o espectador poderia fazê-la apenas com as mãos. Hélio Fervenza traz a público sua experiência como natural de Santana do Livramento, cidade na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. Ele pediu para que professores de geografia dos dois países dessem uma aula sobre o deserto, cada um em seu idioma, ao mesmo tempo e na mesma turma, e descreve o processo no livreto “Transposições do Deserto”.