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setembro 8, 2010
Luzes da cidade por Paula Alzugaray, Istoé
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na Istoé em 08 de setembro de 2010
Carmela Gross instala seus letreiros luminosos no bairro da Luz, em São Paulo, e revitaliza antigas polêmicas com novos matizes
Carmela Gross é uma artista que inaugurou sua atuação pressionando limites e colocando à prova os materiais e as linguagens que utilizou. No campo da gravura, começou trabalhando com o método tradicional da litografia, mas, paralelamente, investiu em novos meios de reprodução técnica, como carimbos, heliografia, gravura em offset, xerox e vídeo. Em pintura não foi diferente e inventou uma “pintura/objeto”.
A verve experimental de Carmela nasce junto com sua carreira, iniciada em exposição na Galeria Rex & Sons, em São Paulo, em 1967 (ler Roteiros na página ao lado). A partir do sábado 5, na Estação Pinacoteca, em São Paulo, um conjunto de 16 obras procura expor os caminhos conceituais que regem o trabalho da artista paulistana.
A seleção inclui obras realizadas entre 1965 e 2010. Há desde “Nuvens” (1965) – imagens esquemáticas em madeira que aludem a histórias em quadrinhos e testam os limites entre o desenho, a escultura e o objeto – até a instalação “Iluminuras – 2010”, que consiste na colocação de luzes de emergência (giroflex) na fachada do edifício localizado no bairro da Luz. Como diversas obras anteriores realizadas com néon e lâmpadas fluorescentes – “Hotel”, (2002), “Eu Sou Dolores” (2002), “Aurora” (2003), “Luzia” (2004), “Carne” (2006) e “Se Vende” (2008) –, “Iluminuras – 2010” é um “site-specific”, que reflete diretamente sobre o contexto em que está instalada. No caso, as imediações das avenidas Duque de Caxias e Ipiranga, região conhecida como Cracolândia. À luz da obra de Carmela, ganha novos matizes a discussão em torno de um bairro submetido recentemente a dura intervenção policial para desativação de um circuito de venda e consumo de crack.