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setembro 3, 2010
Arte para tocar e brincar por Carolina Santos, Diario de Pernambuco
Matéria por Carolina Santos originalmente publicada no Viver do Diario de Pernambuco em 01 de setembro de 2010
Continuum // Instalações de arte e tecnologia do festival são um convite à interação. Exposições ficam abertas até o dia 12
Parece um brinquedo de um parque de diversões futurista, mas é um instrumento musical. Olhando os vídeos do YouTube, vistos por mais de 4 milhões de pessoas, parece mesmo que o Reactable não pertence a esse mundo. Está mais para um objeto dos Jetsons ou de um filme de ficção científica. Desenvolvido na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, o Reactable é composto por uma superfície em forma de mesa e uma meia dúzia de peças móveis. Ao mudá-las de local, ou colocá-las de cabeça para baixo, um som único é produzido. O instrumento já foi usado pela banda da cantora Björk e está a partir de hoje pela primeira vez em exibição no Nordeste, dentro da programação do II Festival Continuum. A obra ficará no Centro Cultural dos Correios, no Recife Antigo, até o dia 12 de setembro, das 9h às 18h.
O Reactable é a mais badalada dentre as instalações do Continuum, mas há várias obras interessantes no festival. Uma boa dica é ir conferir os trabalhos expostos no primeiro andar da Torre Malakoff. Lá, o público pode se entreter, interagir com as obras ou somente observar - e pensar "para onde essa arte vai?". Parece que vai longe. As propostas de grande parte dos trabalhos vislumbram um futuro sem fronteiras. Sozinha, a instalação Marvim Gainsbug já vale a visita. É apenas uma tela de plasma e um microfone. Na tela, um personagem virtual dá algumas palavras e pede para você escolher três delas, falando no microfone. Com as palavras, ele faz uma pesquisa no Twitter e monta uma música. Marvim Gainsbug foi criado pelos pernambucanos Jeraman e Filipe Calegario, mas apenas fala e entende em inglês.
Na sala ao lado, uma instalação mais afetiva. Postcards, do paulista Lucas Bambozzi mostra viagens que o artista fez pelo mundo, fotogrando e fazendo vídeos. Na instalação, os postais estão do avesso e as imagens em vídeo são projetadas neles. A obra que oferece mais interação com o público é a interesante Vitalino, do pernambucano Jarbas Jácome. Mestre em Ciência da Computação, ele criou uma espécie de escultura virtual, que o visitantepode ir moldando ao seu gosto, mexendo as mãos no espaço vazio que compreende dois sensores de movimento. Esses sensores enviam a informação para um software que vai moldando, na tela, o que as mãos fazem no ar.
O projeto Habitat, de Mary Gatis e Mica Braga. É uma intervenção na arquitetura da Torre Malakoff. A projeção numa das portas cria a impressão de um vitral colorido. "É um trabalho plástico e visual. Uma composição: não deixa de ser um desenho, mas é virtual", explica Gatis. Os trabalhos do Continuum são quase todos não só para olhar e pensar, mas tocar e brincar.