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setembro 1, 2010
Veneza abre espaço para novos nomes por Ana Paula Sousa, Folha de S. Paulo
Matéria por Ana Paula Sousa originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de São Paulo em 01 de setembro de 2010
Festival de cinema, que começa hoje sua 67ª edição, traz poucos artistas consagrados e aposta em iniciantes
Número de trabalhos inscritos dobrou em relação a 2009; júri do evento será presidido por Quentin Tarantino
Oscilando entre o sol claro e a brisa fria, Veneza abre hoje a 67ª edição da Mostra Internacional de Cinema.
Também temperado promete ser o clima nos Palazzos Del Cinema e Del Casinò, onde se dará, até o próximo dia 11, a projeção de 83 longas-metragens.
A exemplo do que aconteceu na última edição do Festival de Cannes, em maio, Veneza estenderá seu tapete, sobretudo, para figuras novas ou levemente marginais do cinema. São poucos os grandes nomes. São muitos os estilos e nacionalidades.
Só as próximas edições desses grandes eventos dirão se esses recortes são só coincidência ou se as grifes mais rentáveis simplesmente deixaram de ver os festivais como uma plataforma importante de lançamento nesta era digital.
A noite mais estrelada será a de hoje, quando o cineasta Darren Aronofsky, ganhador do Leão de Ouro em 2008, com "O Lutador", apresentará "Black Swan" (Cisne Negro) e fará desfilar, às margens do mar Adriático, os atores Natalie Portman e Vincent Cassel.
Ao lado de Aronofsky, outros 21 cineastas competem pelo Leão de Ouro, a ser concedido pelo júri presidido por Quentin Tarantino.
Há, na lista, nomes significativos da produção que se situa no meio percurso entre o gigantismo de Hollywood e o cinema tipicamente autoral, de penosa visibilidade.
Entre os concorrentes estão os norte-americanos Sofia Coppola, Julian Schnabel e Vicent Gallo, os franceses François Ozon e Abdellatif Kechiche e o alemão Tom Tykwer.
Os brasileiros ficaram de fora da competição. Mas Andrucha Waddington, de "Eu, Tu, Eles" exibirá seu longa "Lope", coprodução entre Brasil e Espanha.
O filme está programado para sexta-feira, dia 10, na sessão Horizonte, que traz também os novos trabalhos de Marco Bellocchio, John Turturro e um documentário de Martin Scorsese sobre o cineasta Elia Kazan.
OLHOS PUXADOS
Curiosamente, porém, enquanto as estrelas escasseiam, o número de filmes explode.
Em 2009, foram inscritos, na Mostra, 2.208 filmes de 74 países. Neste ano, de acordo com a organização, chegaram 4.251 longas-metragens de 102 países.
E o poderio asiático neste início de século, que se reflete na arte como um espelho ainda difuso para o Ocidente, volta a fazer-se presente.
Nesta edição, China, Hong Kong, Coreia do Sul e Tailândia têm, juntos, praticamente o mesmo número de filmes que França, Alemanha e Espanha somados.