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agosto 13, 2010
Mostra Entre 6 amplifica a pintura por Pollyanna Diniz, Diário de Pernambuco
Matéria de Pollyanna Diniz originalmente publicada no caderno Viver do jornal Diário de Pernambuco em 12 de agosto de 2010.
Reunir seis artistas numa exposição que toma como ponto de partida a pintura. Pode parece lugar-comum, monótono até. Não foi o que aconteceu no Museu Murillo La Greca, em Parnamirim, na mostra Entre 6, que será aberta hoje, às 19h. Andrei Tomaz, Rodrigo Mogiz, Bruno Vieira, Flávio Lamenha, Thiago Martins de Melo e Elton Lúcio conseguem surpreender porque vão além, sugerindo ao público pontos de interseção entre a pintura e outros meios, como a fotografia e o vídeo.
A exposição é a primeira deste ano do projeto Amplificadores, que está comemorando cinco anos, dando visibilidade aos artistas mais jovens. São propostas de exposições normalmente capitaneadas por um curador, que tem a tarefa de reunir os artistas. No caso de Entre 6, foi o pernambucano Bruno Vieira, quem teve a ideia de se inscrever no edital e, para tanto, começou a reunir colegas que pudessem agregar novos formatos e visualidades. Pensou primeiro em partir da paisagem, como tinha feito em 2008, na galeria Mariana Moura, em Boa Viagem. Decidiu depois ampliar o conceito para pintura.
No seu trabalho, obras da série Vista inevitável, Vieira traz paisagens e a linha do horizonte. Uma visão plácida? Poderia até ser, não fosse pelo suporte utilizado: cortinas persianas. Um elemento desarticulador, desagregador. Se normalmente abrimos a cortina para apreciar a vista, aqui é o contrário. Ao fazê-lo, a obra está 'desfeita'.
Noutra parede, o mineiro Rodrigo Mogiz expõe um trabalho delicado, mas impactante. Eles fazem parte da série Mapas imaginários. O artista mistura desenho, bordado, pintura. Linhas, alfinetes, cortes e recortes num tecido fininho, de algodão, a entretela. Há inclusive algumas camadas deste tecido sobrepostas. O artista usa como referência o universo da obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Usa a iconografia do interior, fala da natureza, da violência, do afeto.
Outro trabalho que também trata de afeto - e do contraponto, a solidão-, é do também mineiro Elton Lúcio. São pequenos quadros que partem do desenho, mas são pintados,em acrílica sobre papel. Trazem personagens únicos numa tela cheia de linhas, listras. Percebe-se a perspectiva, o horizonte, as formas, onde o vazio também está nas pessoas.
Complementam a mostra as fotografias de Flávio Lamenha (SP), a pintura de Thiago Martins de Melo (MA) e um vídeoinstalação de Andrei Tomaz (SP). De tanto registrar exposições, o fotógrafo Flávio Lamenha decidiu começar a experimentar - e foi convencido pelos amigos de que o que estava fazendo era arte. Ele é o próprio modelo, múltiplo, de suas fotos. Numa brincadeira que pode reproduzir a Santa Ceia ou uma galeria de arte. As pinturas de Thiago Martins de Melo parecem colagens, com várias camadas de tinta e planos. Ele usa a fotografia e leva ao quadro o autoretrato e a sua relação íntima com a esposa. Por fim, a vídeoinstalação de Andrei Tomaz vai desconstruir imagens do público, através de uma webcam. A visitação ao museu é de terça a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h; e aos sábados, das 14h às 17h.