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julho 27, 2010
De Picasso a Garry Hill por Ana Cecília Soares, Diário do Nordeste
Matéria de Ana Cecília Soares originalmente publicada no Caderno 3 Cultura do jornal Diário do Nordeste 11 de julho de 2010.
O Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar inaugura amanhã a exposição "De Picasso a Gary Hill". Reunindo trabalhos de nomes referenciais para a história da arte, como Picasso, Matisse e Dalí, a mostra integra o rol dos maiores eventos do tipo já realizados em Fortaleza. O Caderno 3 deste domingo destaca as principais obras da nova exposição. E debate os prós e contras dos grandes eventos destinados à formação de público em artes
O projeto da exposição "De Picasso a Gary Hill" foi fundamentado na produção artística desenvolvida no século XX, num recorte amplo, que vai do cubismo picassiano à interação das artes visuais com as linguagens eletrônicas. A coletiva, com abertura marcada para amanhã, às 20h, no Museu de Arte Contemporânea (MAC), do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, reunirá obras de 35 nomes consagrados da arte mundial, dentre os quais se destacam artistas como Pablo Picasso, Henri Matisse, Paul Klee, Marc Chagall, Antoni Tapies, Salvador Dalí, Christian Boltanski, Bruce Nauman e Gary Hill.
A arte brasileira também ganha espaço, com os trabalhos de Letícia Parente e dos pintores cearenses Antônio Bandeira e Aldemir Martins.
Com curadoria de José Guedes, diretor do museu, e Roberto Galvão, a exposição apresenta obras da coleção da Pinacoteca do Estado do Ceará (um trabalho de Bandeira e outro de Aldemir Martins); do acervo do próprio MAC (o vídeo "Marca Registrada" de Letícia Parente) e do Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM), da Espanha, de onde vem a maior parte dos trabalhos da mostra.
A princípio, conforme divulgado na entrevista coletiva convocada em 19 de maio pelo MAC sobre o projeto, a mostra contaria com a presença de obras do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) e do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc/UFC). Por motivos diferentes, elas não estarão na exposição a ser aberta amanhã.
A ausência das obras de São Paulo, argumenta José Guedes, se deve à construção do novo prédio do MAC da USP. "Eles vão inaugurar um outro espaço, e essas obras terão de ficar na instituição. Inclusive elas nem poderiam ficar durante todo o período de execução da mostra, teriam de voltar logo", afirma.
Quanto aos dois trabalhos do Mauc da UFC, uma tela de Antonio Bandeira e um nanquim de Aldemir Martins, o curador explica que resolveu não as levar para a coletiva, por já dispor de outras obras desses dois artistas, advindas do acervo da Pinacoteca do Estado do Ceará.
Investimento
"De Picasso a Gary Hill" tem um orçamento em torno de R$ 400 mil. Valor considerado baixo para uma exposição de grande porte. A realização do projeto só foi possível, sustenta Guedes, devido ao diálogo que vem sendo construído entre o MAC-Dragão e o Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM).
"O IVAM é o museu mais importante da Espanha. Há mais de dez anos que conheço o pessoal dessa instituição, sobretudo a Consuelo Ciscar, que está na direção há uns dois anos, acho. Quando assumi o museu, trouxe algumas exposições valencianas para cá, iniciando a parceria com o MAC".
Nessa relação, ele explica que a instituição apenas empresta as obras, e o Estado não tem que pagar nada por isso. "É importante para essas instituições que seus acervos circulem mundo a fora, façam-se conhecidos. Assim como é interessante, para nós, receber esses trabalhos e ampliar os nossos horizontes artísticos", diz.
Blocos temáticos
Conforme José Guedes, a atual exposição foi formatada especialmente para Fortaleza. "Daqui a coletiva vai para Sobral, onde ficará exposta na Casa de Cultura, e, em seguida, ficará em cartaz no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba".
A curadoria recorreu à formação de grupos de tendências, sem, contudo, seguir as categorias tradicionais da história da arte. A mostra está dividida em sete grupos temáticos, sem limites de fronteira nem preocupação com a cronologia: "Figurativismo expressivo", "Caminhos fantásticos", "Lirismo lúdico", "Ideias construtivas", "O valor da matéria", "Conceitos e formas" e "Laços com a tecnologia". Essa estruturação permite aos visitantes ter uma noção do que foi a Arte Moderna. Momento em que os artistas passam a experimentar novas visões, através de ideias inéditas sobre a natureza, os materiais e as funções da arte.