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julho 12, 2010
Tecnologia que cria autonomia por Nina Gazire, Istoé
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na Istoé em 12 de julho de 2010.
“Ear on arm”, uma orelha artificial implantada no braço, feita de cartilagem humana, é o mais recente e polêmico trabalho do artista greco-australiano Sterlac, que leva às últimas consequências a interação entre organismo, máquina e arte. Como um profeta tecnocrático, ele chegou a pregar a obsolescência do corpo humano em razão de suas possibilidades de fusão com a robótica e a engenharia genética. O artista está no Brasil pela segunda vez (a primeira foi durante a 18ª Bienal de São Paulo), para participar do Emoção Art.ficial 5.0 - Bienal Internacional de Arte e Tecnologia, organizada pelo Itaulab. Sterlac apresenta a instalação “Prosthetic Head” (foto), uma projeção em larga escala da cabeça do artista que conversa com o público por meio de um software de inteligência artificial. No sábado 3, ele participa de um debate sobre arte e cibernética.
Com o título “Autonomia Cibernética”, a Bienal apresenta 11 trabalhos de artistas alemães, australianos, americanos, canadenses e portugueses e também obras inéditas de brasileiros que orientam seus trabalhos para as conexões entre arte, cibernética e interfaces tecnológicas. Um exemplo é o grupo Poéticas Digitais, fundado por Gilbertto Prado e Silvia Laurentiz, em 2002, que desenvolve projetos experimentais sobre o impacto das novas tecnologias no campo das artes. “Amoreiras”, sua obra mais recente, desperta a curiosidade dos transeuntes da avenida Paulista e expande as possibilidades interdisciplinares entre arte e ecologia. Trata-se de cinco amoreiras reais, dispostas em frente à sede do Itaú Cultural, que ‘‘aprendem’’, por meio de um dispositivo de medição de poluição sonora, a vibrar quando captam um ruído. “Ao chacoalharem, as árvores estão se defendendo da poluição que é depositada em suas folhas e caules, dando a ideia de autonomia que está dentro do tema proposto pela exposição”, afirma Gilbertto Prado. O projeto tem o objetivo de aumentar as chances de sobrevivência das árvores, agora capazes de produzir alertas em possíveis situações de risco.