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julho 1, 2010
Ricardo Resende vai dirigir o Centro Cultural São Paulo por Camila Molina, Estadão.com.br
Matéria de Camila Molina originalmente publicada na seção Cultura do Estadão.com.br em 1 de julho de 2010.
Curador deixa cargo na Funarte para dirigir o CCSP, espaço da Prefeitura que vai fazer 30 anos
Crítico e curador, Ricardo Resende já pediu demissão da diretoria do centro de artes visuais da Fundação Nacional das Artes (Funarte), do Ministério da Cultura, para assumir a direção-geral do Centro Cultural São Paulo (CCSP), órgão da Prefeitura. No início de maio, Martin Grossmann anunciou sua saída espontânea do cargo de diretor do CCSP (estava desde 2006). Resende, que anteriormente à Funarte dirigiu, entre 2005 e 2007, o Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, pretende começar sua gestão no CCSP a partir da segunda quinzena de julho.
"Precisava de alguém com experiência institucional e o Ricardo ainda tem a vantagem de ter trabalhado no governo. Trabalhar no governo não é muito simples. As pessoas vêm com as melhores das intenções e esbarram em todo o tipo de dificuldade, porque o serviço público é muito controlado, para dizer o mínimo", afirmou o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, que convidou Resende para assumir o CCSP. O novo diretor da instituição pretende se reunir com Calil e com Grossmann amanhã para se inteirar da situação do CCSP. "Me parece que vai tudo muito bem e sua programação é sintonizada com a arte contemporânea", diz Resende, que, a princípio, tem como ideia dar continuidade ao programa de Grossmann.
Análises. O CCSP tem como orçamento para 2010 a ordem de R$ 10.677.373,00, segundo a Secretaria Municipal de Cultura. Resende, mesmo ainda achando ser prematura qualquer avaliação, acredita que o montante "é pouco" para a estrutura de um espaço com 48 mil m² com atividades gratuitas e grande circulação de público - em 2009, a instituição contabiliza ter recebido 819.503 pessoas em suas atrações e frequência em 2010, até maio, 308.862. "O que me preocupa como secretário não são as coisas que estão bem encaminhadas, como a programação e a sinergia das áreas culturais propostas por Grossmann, mas as ligadas à preservação do acervo, que nós não conseguimos fazer", afirma Calil, que, ele próprio, dirigiu o CCSP antes de assumir a Secretaria Municipal de Cultura, em 2005.
"Não consegui realizar ainda a reserva técnica e estou muito preocupado com a melhoria das salas de espetáculos, que estão quase que na lona, algumas delas. Construídas em 1982, elas não foram modernizadas e isso tem que ficar pronto até 2012, porque não só é fim da minha gestão na Secretaria, como o Centro Cultural vai fazer 30 anos." Calil afirma que está buscando recursos para essas empreitadas e, inclusive, aporte do Ministério da Cultura para a obra da reserva técnica, que já tem projeto arquitetônico.
As bibliotecas do CCSP - "gostaria que voltassem a ter atitude ativa", diz Calil - necessitam de cuidado, mas a questão dos acervos também é prioritária. Por exemplo, está aos cuidados da instituição a Coleção de Arte da Cidade, de cerca de 2.800 obras e coleções de arte postal. Calil tinha como projeto usar a Galeria Prestes Maia, na Praça do Patriarca (retomada do Masp pelo município), para abrigar e expor a Coleção de Arte da Cidade, entretanto, ele diz que, por decisão do prefeito Gilberto Kassab, o espaço não será mais cultural, vai tornar-se um anexo da Prefeitura. Resende cogitou que se criasse dentro do CCSP espaço museológico.
Resende é mestre em História da Arte pela USP, nasceu em 1962 em Minas, mas foi criado em Mococa (SP). Tem carreira na área museológica, com passagens pelo MAC/USP, MAM-SP e direção do museu do Centro Dragão do Mar em Fortaleza. Assumiu em janeiro de 2009 cargo na Funarte e desde 1996 coordena o Projeto Leonilson.
Reportagem um pouco oportunista....
Pois Ricardo Resende ficou praticamente 2 anos a frente do Centro de Artes Visuais da FUNARTE e não seu leu nada sobre os programas e o avanço que houve no fomento a produção Contemporâena de Arte no Brasil nesses últimos tempos, como um todo e não somente no Rio de Janeiro como antes era compreendida as atividades e os investimentos do CEAV.....
A participação dos artistas e profissionais de artes visuais na elaboração das políticas públicas (MINC-Funarte) deve continuar, independente da saída do Ricardo Rezende. Ele muito colaborou para que as artes visuais tivessem tratamento adequado por parte da Funarte, e esperemos que continue crescendo, dentro e fora da instituição, a compreensão sobre o pensamento e os pocessos contemporâneos da arte.
As artes visuais, embora reconhecidas, não recebiam aporte de verbas condizente com este reconhecimento. Agora, com as mudanças realizadas, cabe à "classe" se manter atenta e mobilizada para que os recursos destinados às artes visuais não sejam desviados para outras áreas artísticas.
E que a imprensa dê mais atenção aos programas da Funarte, que tem sido, há alguns anos, ampliados e disseminados nacionalmente. E a ideia é que sejam mais ainda...
Uma das coisas que é preciso evidenciar na gestão do Ricardo na Funarte, foi sua luta interna por mais recursos para a arte contemporânea, com a destinação desses recursos para a produção dos artistas/coletivos nos diversos estados brasileiros, além da formação em arte contemporanea. Consolidando assim, a Funarte como uma instituição que pensa nos interesses da arte contemporanea de uma forma nacional, mas reconhecendo que existem necessidades locais diferentes.
Posted by: Jacqueline Medeiros at julho 10, 2010 9:20 AM