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junho 14, 2010
Trocando o pincel pelo mouse por Astier Basílio, Jornal da Paraíba
Matéria de Astier Basílio originalmente publicada no Caderno Vida & Arte do Jornal da Paraíba em 10 de junho de 2010
Qual é a imagem que se tem de um artista plástico em atividade? Palheta, tubos de tinta, potes com terebentina, óleo de linhaça, panos, lápis. Com as novas tecnologias, a tela de pano pode ser substituída pela tela do computador e o pincel, pelo mouse. Uma mostra de como as novas gerações lidam com as ferramentas de que dispõem pode ser vista hoje, na galeria Archidy Picado, em João Pessoa, na mostra coletiva ‘Entre 6’.
Ao todo, são em torno de 17 trabalhos expostos em mídias diversas: tela, vídeo, desenho, fotografia, pintura. Os trabalhos são assinados pelos jovens artistas visuais Andrei Thomaz, de Porto Alegre; Rodrigo Mogiz e Elton Lúcio, de Belo Horizonte; Bruno Vieira, de Recife; Flávio Lamenha, de São Paulo; e Thiago Martins de Melo, de São Luís.
A mostra foi selecionada pelo edital de ocupação da galeria Archidy Picado, da Fundação Espaço Cultural. Segundo Sidney Azevedo, coordenador de artes visuais daquela instituição, o grupo se reuniu porque partilha de afinidades comuns. “Eles não têm curadoria. São artistas independentes que fazem uma pintura que não é de cavalete, trabalhando com a pintura no campo expandido da arte contemporânea”.
De um modo geral, os artistas desta mostra retrabalham conceitos e manipulam signos. É o caso das fotografias aplicadas sobre persianas de Bruno Vieira, em que um elemento utilitário, a persiana, funde-se com o artístico em uma combinação repleta de significados. Por falar em criatividade, chama a atenção a maneira como Flávio Lamenha se coloca como personagem, reduplicando sua persona em um jogo teatral de paródias irônicas, como pode ser visto em Ceia, releitura da famosa obra de Leonardo da Vinci.
As misturas dão o tom das peças de Rodrigo Moriz nas quais se misturam desenho, bordado e pintura para dar moldura ao universo da obra de Guimarães Rosa. Utilizando a técnica de óleo sobre papel, Elton Lúcio vai explorando as linhas, pontos de fuga e perspectiva, além de inserir um sujeito em meio às suas pesquisas dos contornos.