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maio 27, 2010
A arte do encontro por Fábio Prikladnicki, Zero Hora
Matéria de Fábio Prikladnicki originalmente publicada no Segundo Caderno Zero Hora em 26 de maio de 2010.
Mostra “Horizonte Expandido”, no Santander Cultural, traz nomes que renovaram a arte nos anos 1960 e 70
Sentados ao redor da mesa de uma pequena biblioteca instalada no meio do museu, os curadores afirmam que o público não vai apenas assistir a obras de arte. Irá viver um encontro com os artistas. Em vídeo, foto ou áudio. Um dos grandes eventos de artes visuais do ano, a mostra Horizonte Expandido, que será aberta hoje ao público no Santander Cultural, apresenta obras – a maioria delas inéditas na Capital – de nomes fundamentais das décadas de 1960 e 70 como Robert Smithson, Allan Kaprow, Joseph Beuys e Hélio Oiticica. São 72 trabalhos de 16 artistas que redefiniram as fronteiras da arte.
É o caso de Kaprow, que criou o manifesto Como Fazer um Happening (os visitantes podem inclusive levar para casa um exemplar do livreto traduzido para o português), em que explica o conceito que ele mesmo criou para se referir a uma performance com a participação do público. Por meio de fones de ouvido, é possível ouvir a voz do artista lendo o texto, em inglês, em uma gravação de 1966.
A exposição reúne nomes que inspiraram o projeto Areal, que celebra 10 anos, com coordenação de André Severo e Maria Helena Bernardes – artistas gaúchos que assinam a curadoria de Horizonte Expandido.
Com perfil internacional e produção local, a mostra pretende aproximar público e artistas. A avaliação é que o mundo das artes tem afastado as pessoas de um contato direto com as obras. Daí a proposta de enxugar a atuação de mediadores e o uso de textos explicativos.
– As obras da exposição têm sua densidade, mas não acreditamos que densidade seja sinônimo de hermetismo – afirma André Severo.
Muitos destes artistas escolheram trabalhar fora do espaço tradicional dos museus, realizando intervenções no espaço natural – caso de Robert Smithson, um dos destaques – ou performances na rua, como a artista VALIE EXPORT (assim mesmo, em maiúsculas). O quanto o material exposto é uma obra em si ou o registro de um processo faz parte das reflexões.
– Estas obras pedem que nos desprendamos dessa interrogação e recebamos o que está sendo proposto. São artistas que procuram uma ampliação do conceito de arte – diz Maria Helena Bernardes.