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maio 13, 2010
É Dia de Feira por Nina Gazire, Istoé
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na Istoé em 12 de maio de 2010
Artistas realizam intervenções na tradicional feira de São Joaquim, em Salvador
Com a proposta de um flashmob estético-político, cerca de 60 artistas de todo o Brasil realizam, no dia 14 de maio, o evento Ocupação da Artística da Feira de São Joaquim. A feira é uma das maiores do país, e a maior feira livre da cidade de Salvador, sendo a mais tradicional para a população de baixa renda, não só dos soteropolitanos como do recôncavo baiano. O evento tem a curadoria de Leonel Mattos, artista que recentemente tem se dedicado a discutir a relação entre arte e política em uma série de trabalhos que protagonizam novas formas de inclusão e exposição artísticas e que colocam em perspectiva os espaços urbanos soteropolitanos. A Ocupação Artística na Feira de São Joaquim possui manifesto assinado pelo artista Vauluizo Bezerra Rodrigues, que participa da mostra propondo a similaridade do espaço da feira aos espaços das feiras tradicionais de arte contemporânea. “Caótica e pouco asséptica, mas viva em sua dinâmica funcional, a feira não difere estruturalmente das grandes feiras internacionais de arte e seus biombos milionários”, ironiza. Porém, a ocupação da Feira de São Joaquim pretende se apropriar dessa semelhança como forma de pastiche.
Na realidade a manifestação realiza uma crítica às instituições de arte tradicionais, celebrando aquilo que a arte dos museus muitas vezes não consegue alcançar: a dinâmica das ruas em tempo real. Talvez por isso, o evento se dá como uma manifestação efêmera, com duração de apenas um dia. Localizada na Cidade Baixa entre a Baía de Todos os Santos e a Avenida Oscar Pontes, no bairro do Comércio, a feira de São Joaquim, possui uma área de 34 mil m², sua importância é vital para o comércio, cultura e favorecimento dos menos abastados, devido aos bons preços. Mas, muito além de uma oportunidade pechincha, a feira é um patrimônio cultural. Tanto que um dos objetivos dessa intervenção artística é apropriação desse espaço como cenário expositivo e performático como forma de celebração da identidade baiana. “A ocupação dos espaços da Feira de São Joaquim e' um ato político acertado porque não atinge pessoas, antes, investe contra as clássicas instituições e seus clássicos pecados. Não existe nada mais baiano e menos turístico (para a grande maioria das pessoas) que A Feira. È a antítese de tudo que é permeável as instituições de arte”, afirma Vauluizo em seu texto sobre os objetivos da intervenção artística.