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abril 28, 2010
Lygia Clark é destaque de leilão na Inglaterra por Júlia Bolliger, Folha de S. Paulo
Matéria de Júlia Bolliger originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 27 de abril de 2010.
Obras brasileiras arrecadaram 1 milhão em evento com peças de países do Bric
Fechamento de espaço aéreo europeu desfalcou lote e impediu chegada de trabalhos de Nelson Leirner e Artur Barrio, entre outros
A escultura "Bicho", da série de Lygia Clark, foi a mais disputada e a quarta maior venda do leilão de peças dos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), que aconteceu na sexta e no sábado em Londres.
Os lances superaram rapidamente o preço máximo de 220 mil (aproximadamente R$ 591,8 mil) em que foi avaliada, fechando em 367,2 mil (R$ 987,7 mil), um dos mais altos da primeira noite.
O evento aconteceu na Saatchi Galery e foi organizado pela casa russa Phillips de Pury. Com o salão lotado para a primeira venda, dezenas de assistentes disputaram ao telefone lances em nome de grandes colecionadores.
De todo o leilão, o maior arremate foi o do quadro russo "Entrance-No Entrance", de Erik Bulatov, vendido por 713,2 mil (R$ 1,9 milhão), seguido por "Meeting Between Solzhenitsyn and Böll at Rostropovich's Country House", de Komar & Melamid, arrematado sob aplausos por 657,2 mil (R$ 1,76 milhão), cerca de quatro vezes o preço estimado.
No total, os rendimentos foram de cerca de 7,1 milhões (R$ 19 milhões).
Os outros destaques brasileiros da primeira noite foram "Maria, Esmeraldo, Pomela, Nacimento, Valdelios e Amildala", da dupla Osgemeos, e um dos "Metaesquemas", de Hélio Oiticica. O quadro dos grafiteiros foi arrematado por lance de 37,2 mil (R$ 100 mil) e o de Oiticica, por 103,2 mil (R$ 276,5 mil), ambos acima do valor esperado.
No sábado, quem queria ver obras de Lygia Pape, Cildo Meireles ou Wesley Duke Lee foi prejudicado, pois as cinzas do vulcão Eyjafjallajokull impediram o embarque de lotes brasileiros. Trabalhos de Artur Barrio, Nelson Leiner, Carmela Gross, Mira Schendel e Miguel Rio Branco ficaram de fora.
Quanto aos outros, um dos mais disputados foi "Sideboard", do designer Giuseppe Scapinelli, avaliado em até 5 mil (R$ 13,5 mil) e vendido por 21,2 mil (R$ 57 mil). A maior venda dos lotes brasileiros (a sexta de todo o evento) foi "Mulatas", de Di Cavalcanti, arrematada por 265,2 mil (R$ 713,4 mil), recorde para um trabalho em papel do artista.
Beatriz Milhazes teve o quadro "Sábado" vendido por 11,2 mil (R$ 30,3 mil) e o maior arremate por uma obra de Vik Muniz foi de 20 mil (R$ 54,2 mil), por "Pelé" -da série "Jogadores de Futebol".
Prejudicada pela ausência de obras, a venda das peças brasileiras teve renda total de 1,1 milhão (R$ 3 milhões). A China rendeu 2,9 milhões (R$ 7,8 milhões); a Rússia, 2,3 milhões (R$ 6,2 milhões), e a Índia, 806,2 mil (R$ 2,2 milhões). Os lotes ausentes serão leiloados em data a definir.
JÚLIA BOLLIGER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES