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abril 22, 2010
Debate bem acalorado por Dariene Pasternak, Notícias do Dia
Matéria de Dariene Pasternak originalmente publicada na versão impressa do Notícias do Dia em 9 de abril de 2010
Artistas questionam a implantação no Estado da Escola de Belas Artes de Florença
O projeto de instalação da Escola de Belas Artes de Florença em Santa Catarina, iniciativa do ex-governador Luiz Henrique da Silveira, já ganhou um debate acalorado na imprensa e agora se multiplica pela internet. A classe artística do Estado se mobilizou numa carta de repúdio à implantação da instituição, que ganha, em tempos de redes sociais, volume de assinaturas e pega carona para disseminar nas estruturas já consolidadas de discussão das conferências de cultura. Desde segunda-feira, quando começou a circular, ultrapassa 140 assinaturas, só com nomes da cultura, entre artistas e curadores reconhecidos no país, entre eles Ricardo Basbaum, diretores de museus, entre outros.
A principal crítica dos artistas, no caso de Santa Catarina, representados na Assembléia Estadual de Artes Visuais do Estado, é pela forma que o governo traz a escola, sem consultar a classe. “Existem instâncias de discussão democrática que têm previsto uma série de prioridades para as artes visuais para os municípios, Estados e em nível federal. Em nenhum momento, tanto no Estado como em Joinville, foi colocado a Escola de Florença como prioridade”, enfatiza o artista, curador e o representante do Sul nas conferências do Sistema Nacional de Cultura, Charles Narloch.
“Na maioria dos Estados os artistas e a produção cultural está em diálogo com os governos, como o faz o Ministério da Cultura com os colegiados. Santa Catarina está em movimento contrário”, diz o artista Roberto Moreira, que mora hoje no Rio de Janeiro e dá apoio à discussão em nível nacional.
Em janeiro deste ano, o então governador Luiz Henrique da Silveira em viagem internacional idealizou um convênio com a Academia de Arte de Florença para instalar cinco unidades da instituição em Santa Catarina, começando por Joinville, na Piazza Itália.
O prazo para início da implantação é 2010. O liceu atenderá jovens entre 14 anos e 18 anos, no ensino de desenho, pintura, escultura, restauração e design na ideia de contraturno da escola. Ainda não há custos divulgados da implantação do projeto.
Governo fala em internacionalização
Outro ponto de debate é sobre os preceitos da escola italiana, que consideram ultrapassados para a produção atual de arte. “Os sistema de liceu é pré-industrial, de antes de 1400, antes da academia estar dentro das universidades”, considera a professora da Udesc (Universidade Estadual de Santa Catarina) e artista Yara Guasque.
O secretário de Articulação Internacional do Governo, Vinícius Lummertz, defende que a escola vem criar uma base que o Estado não tem atualmente. “O domínio de uso de cores, de palheta, de desenho, pintura, afresco, não temos este conhecimento de base hoje”, observa. Para ele, o movimento dos artistas é uma reação que se caracteriza xenofóbica. “Não estamos afrancesando a administração pública. É uma abertura, uma internacionalização”, diz, citando o exemplo dos cursos de engenharia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que hoje, como enfatiza, é referência graças ao know-how trazido da Alemanha. “Vão contra a um projeto que quer ensinar e que terá um impacto enorme na cultura de Santa Catarina”, opina.
Edson Machado, consultor internacional de Cultura da Secretaria de Articulação Internacional e atual presidente do Conselho de Cultura do Estado, lembra que a implantação da escola não exclui outros projetos de arte no Estado. “Este é um incentivo de cunho cultural, com uma direção social, mas continuam os projetos de promoção às artes contemporâneas e eruditas”, diz.
Sobre a ausência de consulta à classe, Lummertz justifica que é uma característica do sistema representativo. “È justo e correto o governador, com o seu mandato, fazer suas escolhas”, expõe.
se a proposta em joinville é pelo conhecimento de fundamentos de alguns procedimentos de atelier para crianças e adolescentes, e não pela formação de artistas, qual é o problema?
lá onde a era industrial começou, europa - onde é possível também observar hoje uma cultura pós-industrial, que se contrapõe aos pressupostos industriais americanos voltados ao consumo (pop) e coisas como a serialização, a ausência da mão humana, etc - o conhecimento de fundamentos, como desenho, sempre foi hábito nos ateliers das universidades, onde também se aprende teoria, história, etc.
trata-se mais uma vez de integrar diferentes campos de ação e conhecimento, e não separá-los.
Posted by: J.M. at abril 22, 2010 4:01 PM