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abril 5, 2010
Críticos analisam obras da Pinacoteca em livro por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 27 de março de 2010.
Rodrigo Naves e Aracy Amaral são dois dos autores
Não se incomoda com o sol o caipira picando fumo de Almeida Júnior. Na tela de Anita Malfatti, uma negra, "caso teratológico em anatomia", faz contraste com abacaxis "bem-acabadinhos". Tarsila do Amaral aplica os contornos reluzentes de um Rolls Royce à sua visão de um vale do Anhangabaú deserto.
Em "Arte Brasileira na Pinacoteca do Estado de São Paulo", livro lançado hoje neste museu, críticos como Rodrigo Naves, Tadeu Chiarelli, Aracy Amaral e Luiz Camillo Osorio analisam a fundo algumas das obras mais emblemáticas do acervo.
Naves vê em "Caipira Picando Fumo", tela de Almeida Júnior feita em 1893, mãos e pés que "se deformaram, adquirindo um aspecto erodido e arredondado dos elementos submetidos à força dos elementos". Também compara técnicas de luz e sombra do brasileiro a obras do impressionista francês Claude Monet.
"Tropical", de Anita Malfatti, exemplifica, no texto de Chiarelli, um momento em que a artista refreou seu "ímpeto expressivo". Cita as críticas de Monteiro Lobato e Nestor Pestana às obras da artista, que oscilava entre a vanguarda e sua fase mais conservadora.
Contemporânea de Malfatti, Tarsila do Amaral e sua "São Paulo" entram como pontos de partida para uma reflexão sobre a urbanização da cidade em texto escrito por Aracy Amaral.
Também nesse texto, a autora conclui que, no lugar da "pauliceia desvairada" de Mário de Andrade, a artista quis uma modernidade mais neutra, o "espaço citadino desvestido da presença humana".
Uma geração depois, Flávio de Carvalho é visto por Luiz Camillo Osorio como um dos poucos brasileiros com a "rebeldia poética dos movimentos dadaísta e surrealista", numa obra alicerçada sobre a aliança entre estética, ética e política.
ARTE BRASILEIRA NA PINACOTECA DO ESTADO
Organizadora: Taisa Palhares
Editora: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Cosac Naify e Pinacoteca do Estado de São Paulo
Quanto: R$ 60 (240 págs.)