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abril 5, 2010
Mostra exibe seis vertentes de trabalho de Beuys por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 2 de abril de 2010.
Exposição aborda a produção italiana do artista alemão e será realizada em paralela à Bienal, em setembro, no Sesc
As instalações são apenas uma das seis vertentes da exposição; haverá também pôsteres, vídeos, fotos e ciclo de conferências
Em 1971, Joseph Beuys foi convidado pelo galerista Lucio Amélio a organizar sua primeira mostra na Itália, em Capri. Nessa exposição, ele criou o slogan "La Rivoluzione Siamo Noi" (A revolução somos nós), para abordar as mazelas da democracia italiana. Na abertura, um jovem estudante ficou fascinado com o que viu. "Havia tanta gente que nem todos conseguiram entrar na galeria, e eu mesmo nem compreendi direito o que vi, mas fiquei impressionado com o carisma do Beuys", disse Antonio D'Avossa à Folha, por telefone.
Quase 40 anos depois, D'Avossa prepara "A Revolução Somos Nós", que irá abordar a produção italiana de Beuys. "Depois da Alemanha, foi na Itália onde ele produziu a maior parte de obras. Vamos mostrar desde o pôster de 1971 até sua última instalação, "Terremoto", de 1985, criada quatro meses antes de ele morrer", diz o curador e autor de "Joseph Beuys - Difesa della Natura".
Além de "Terremoto", inspirada num terremoto real, ocorrido em Palermo, abordando assim o conceito de catástrofe, a mostra terá também a instalação "Arena", de 1972, realizada em Verona, outra obra que aborda a democracia.
Contudo, as instalações são apenas uma das seis vertentes da exposição. "Beuys é como um diamante. Ele tem muitas faces, mas todas estão conectadas: a pedagógica, a política, a ecológica e a escultura são algumas das mais importantes", diz D'Avossa.
As demais vertentes da mostra são: os múltiplos, numa seleção dos 600 que Beuys criou como forma de democratizar sua obra; os pôsteres, cerca de 200, apresentando a coleção do italiano Luigi Bonotto, que possui o conjunto completo; os vídeos, divididos em três sessões (documentação, discussão e documentários); fotos e ciclo de conferências.
Uma das curiosidades da mostra é a comparação que D'Avossa faz entre as viagens de Beuys pela Itália com as andanças de Goethe pelo mesmo país, entre 1786 e 1788, quando usou um pseudônimo para se misturar à população.
Beuys esteve na Itália muitas vezes -em Veneza, Roma, Milão, Nápoles e Verona, entre outras. "Assim como Goethe, quando ele estava em Nápoles, por exemplo, se transformava num napolitano. Por isso, todos os seus trabalhos italianos abordam questões locais, como a agricultura, onde criou o slogan "Defesa da Natureza", em 1977", diz o curador.
Durante a mostra, será ainda instalada em São Paulo a Universidade Livre, criada por Beuys e mantida por seu aluno Jochen Stuttgen. "O ciclo de debates e a Universidade Livre são fundamentais na mostra, pois duas das questões centrais no trabalho do Beuys eram a difusão e o debate de ideias", diz ainda D'Avossa.