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março 24, 2010
João Sayad se diz "feliz" por não trabalhar com secretaria da Educação por Ana Paula Sousa, Folha de S. Paulo
Matéria de Ana Paula Sousa originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 24 de março de 2010.
Para quem estava na plateia do debate ocorrido no Sesc Belenzinho, a sensação era de que os tradutores tinham dado algum tropeço. Mas não. O ruído não era de linguagem. E sim de visões culturais.
Após o discurso do diretor regional do Sesc, Danilo Santos de Miranda, que traçou uma linha histórica do trabalho da instituição, que busca atar esporte e cultura, o secretário de Estado da Cultura, João Sayad, desfez esse laço.
"Na secretaria de Cultura nosso foco são as artes. Não estamos preocupados com educação, que é um sistema congestionado, complicado. Estamos felizes pelo fato de estarmos separados dele", afirmou, fazendo alguns dos presentes se remexerem nas cadeiras.
"Também não queremos fazer turismo. Somos pressionados para atrair o turismo, mas nosso foco é a arte. Também não estamos preocupados nem com economia nem com emprego. Nossa preocupação é com o que não está na moda, com o que não chega às pessoas. Nos interessa tanto a Pinacoteca quanto o hip-hop."
Ao suceder o colega ao microfone, o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, não pôde deixar de referir-se à fala de Sayad. Ao tentar explicá-la, acabou por reforçá-la.
"A baixa institucionalização é um grande problema na administração pública brasileira. O João [Sayad] talvez tenha sido um pouco melancólico, mas tem razão. É praticamente impossível fazer qualquer coisa com a educação. Simplesmente, não conseguimos", queixou-se Calil que, como Sayad, é professor da USP.
Não sem uma ponta de ironia, o secretário municipal também jogou um balde de água fria sobre as ações culturais "do bem". "Não adianta criar orquestras com jovens que não querem tocar música", disse, provocando risos na plateia. "A cultura não vai tratar das mazelas sociais, do crime. Essas ações são, muitas vezes, uma maneira de compensar a má consciência, mas sempre com dinheiro público, é claro."
O papel do Estado foi outro tema central do debate. Sayad fez a defesa do modelo de Organizações Sociais, que entrega a entidades privadas a administração de instituições públicas. Calil, por sua vez, voltou a chamar as leis de incentivo de "abano com chapéu alheio".
Educação de qualidade, que integre cultura, para todas as crianças é a salvação da lavoura chamada brasil.
Esse investimento na qualidade da formação do ser humano, como demonstrado pelo Elliot, independentemente dos modelos, pode ser planejado com mais racionalidade, ao contrário do que no Brasil usualmente acontece, ou seja, quase sempre somente ações fisiológicas, que quando contrastadas com um sistema lógico e claro chegam a parecer ridículas.
Que bom que as Secretarias tem foco! Por isso o apoio à arte em nosso estado/município tem a grande qualidade que tem. Imagina se ainda fosse "dividido" com reles questões educacionais e turísticas?
Façam-me o favor, senhores, vão estudar.
"Reles questões educacionais"?? rsrsrs
Qualquer semelhança com Maria Antonieta, a alienada, é mera coincidência.
"Se não tem pão que comam brioches"
Posted by: Juliana at abril 8, 2010 7:23 PMMuito triste tal medida.
Faco mestrado em desenvolvimento cultural comunitario no EUA e o que observo aqui pela pratica e funcionamento de instituicoes culturais 'e que um esforco para trabalhar tudo junto atrave do sistema de parcerias. Existem muito bons exemplos em funcionamento que expandem o setor cultural e beneficiam as comunidades locais atrav'es da educacao(que tb forma publico para as artes) e atraves do turism que gera rendas locais para a manutencao do setor cultural e economico. Essa e uma visao sistemica e holistica, onde td esta integrado. Negar isso 'e negar a experiencia positiva que ja esta sendo conduzida e pesquisada em varios paises em desenvolvimento.
O tema e muito amplo e rico em documentos que comprovam a saude de tal uniao. Problemas sempre ocorrem contudo a vivencia democratica implica negociacao, dialogo e busca de entendimento. Abrir mao do dialogo e deixar a decisao de tal medida nas maos de uma minoria prova mais uma vez que ainda estamos muito desrticulados politicamente como gestores culturais e tb educadores. Cultura e feita pelo povo e deve ser mantida em comunha com todos os setores em que atuamos.
Se os jovens nao querem aprender determinado tipo de musica e porque provavelmente nao estaos atingindo seus intereses. Muitos jovens produzem cultura atraves de manifestacoes como a danca e a musica a questao 'e se primeiramente reconhecemos o que eles fazem como cultura ou se consideramos que a "alta cultura" e a unica manifestcao que merece atencao por parte de setores culturais. O que vejo a partir de tal comentario e uma mensagem elitista e separatista. Uma vergonha. Precisaremos retomar aliancas que por mal-resolvidas foram quebradas. e isso tera que ser mais uma vez a nivel politico. Infelizmente ainda vemos uma grande separacao e preconceito entre educadores, arte educadores e artistas e produtores. Essa separacao so traz atrasos para o pais.