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fevereiro 23, 2010
Arco quer renovar sua identidade artística por Silas Martí, Folha de São Paulo
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 22 de fevereiro de 2010.
"Personalidade ibero-americana" seria saída para crise
No meio da enxurrada de críticas que vem recebendo por esta edição da Arco, a diretora da feira, Lourdes Fernández, parece se aferrar à ideia de uma "personalidade ibero-americana" para devolver o vigor perdido ao evento.
Faz quase 30 anos que a feira funciona como exposição e mercado de artistas em Madri, mas é consenso entre galeristas europeus que a Arco saiu perdendo na concorrência com a Art Basel Miami Beach, criada há oito anos.
Fernández, em meio a boatos de que pretende se demitir do cargo, aposta na representação maciça de latino-americanos como uma saída para sua feira enfraquecida. "Precisamos criar ainda uma grande personalidade", diz ela. "E essa personalidade é ibero-americana. É uma oportunidade para arte latino-americana entrar na Europa, esse deve ser o papel da Arco, mas não se cria uma coisa dessas da noite para o dia."
Mesmo com todo o esforço, galeristas e analistas de mercado acreditam que não há interesse tão forte de colecionadores espanhóis para sustentar esses novos planos. "Está havendo muita atenção das instituições, mas isso passa longe dos colecionadores", diz Alejandro Zaia, diretor da Pinta, feira de arte latina que terá uma edição em Londres em junho. "Museus servem para gerar tendências de mercado, mas não sustentam uma feira."
Paralela à Arco, a feira Just Madrid aponta outra possível saída para a crise. No lugar dos gigantescos galpões de sua concorrente tradicional, vazios em tempos de recessão, o evento que estreou neste ano concentra poucas galerias, cada uma com três artistas, num espaço mais enxuto. Também com latino-americanos como foco, acabou virando uma vitrine rápida da produção sem o desânimo de muito pavilhão para pouca obra.