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fevereiro 23, 2010
Presença conceitual preenche vácuo de negócios por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 22 de fevereiro de 2010.
Ficou vazio por todo o primeiro dia da Arco o estande da Helga de Alvear, uma das maiores galerias espanholas.
Isso até que homens entraram no pavilhão carregando duas letras de madeira, formando a palavra "no" (não) em tamanho gigante. Nem Santiago Sierra, o artista por trás da ação, nem ninguém da galeria deu as caras por lá.
No espaço vizinho, a cubana Tania Bruguera mandou polir uma reprodução do letreiro que ficava na entrada do campo de concentração de Auschwitz, gerando uma chuva de faíscas sobre o símbolo nazista, aquele roubado há pouco.
Essa presença conceitual, o que uns chamam de "gordura" numa feira, foi o ponto alto da Arco. Se colecionadores andam mais tímidos, curadores não arredaram pé do pavilhão dos Solo Projects, a parte da feira na qual galerias exibem um recorte sucinto da produção de um só artista escolhido.
Enquanto pelo menos 50 galerias abandonaram o evento nos últimos dois anos, e o preço da obra mais cara despencou da casa dos 20 milhões para 1,6 milhão, os recortes individuais dispostos ali têm outro potencial. Atestam o frescor dessa produção e têm apelo direto para as instituições.
Na cena árida em que se tornou o mercado espanhol, projetos menos comerciais, como os de Sierra e Bruguera, deram carne ao esqueleto das vendas.