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fevereiro 4, 2010
Curadoria foca em lista de preocupações por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Matéria de Fábio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo, em 4 de fevereiro de 2010
Apenas daqui a três meses a 29ª Bienal de São Paulo deve ganhar contornos definidos.
Reunido durante essa semana, o time curatorial do evento está trabalhando em um "dicionário de preocupações", como define Chus Martínez, curadora convidada da mostra, além de curadora-chefe do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona.
Será em maio, quando pela segunda vez todo o time estiver reunido, que se chegará ao formato final. "Falamos fisicamente da Bienal, mas em termos abstratos, pois não temos a lista final dos artistas nem a lista de obras. Discutimos mais em termos de atmosfera, no sentido geral da exposição, mas é impossível saber como ela será concretamente agora", disse o curador geral Moacir dos Anjos, anteontem, à Folha, acompanhado por Martínez.
De acordo com alguns verbetes do "dicionário de preocupações" que Martínez apresentou, o projeto é muito ambicioso. Segundo ela, algumas das questões trabalhadas são: como se educa o indivíduo contemporâneo; que posição tem o sujeito dentro do sistema de liberdade e coação; quais as relações possíveis entre os mil mundos que vivemos, desde o mundo cotidiano até o mundo que chega pela televisão.
Nesse sentido, a Bienal "Há Sempre um Copo de Mar para um Homem Navegar" certamente será um evento que irá tratar do mundo atual. "A arte, o tempo todo, propõe novas formas de relação com o mundo, e estamos interessados nessa relação produtiva, que gera conhecimento quando o público se depara com essas formas que não mimetizam o dia a dia", conta Dos Anjos.
O reposicionamento do Brasil dentro do sistema global e como pensar a arte a partir dele é outro verbete dos curadores.
Contudo nem tudo é abstração. Espacialmente, a 29ª Bienal deverá possuir vários ritmos, graças à criação de seis pavilhões dentro daquele projetado por Oscar Niemeyer.
Cada um deles será comissionado a um artista ou arquiteto, e eles funcionarão como pausas reflexivas dentro da mostra. Segundo Martínez, eles irão representar "momentos de suspensão da mostra, onde será possível ver vídeos, performances, encontrar pessoas, para alterar o ritmo da visita".