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Como atiçar a brasa

 


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fevereiro 3, 2010

Fora dos padrões por Paula Alzugaray, Istoé

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na revista Istoé, em 29 de janeiro de 2010

Sesc integra programação de atividade física e cultural, com mostra que critica padronização de conceitos de beleza e bem-estar

A origem da ideia de avatar – duplo criado por uma pessoa para dar conta de missões e tarefas humanamente inviáveis, geralmente em um ambiente digital – remonta a uma história do século XVII, recontada por Jorge Luis Borges em “O Livro dos Seres Imaginários”. Borges conta que, segundo a cabala, um rabino construiu um homem artificial, chamado Golem, para que este desse conta de trabalhos pesados, como tocar os sinos da sinagoga. Essa história é revivida pelo artista paulistano Pazé, que construiu sua réplica em tamanho natural, com articulações de aço. Nem Golem, nem avatar, o boneco de Pazé tem um pouco dos dois: chama-se “Transeunte” e foi concebido em 2001 para suprir a necessidade de locomoção sem fronteiras do artista. Desafiador das leis da gravidade, o replicante de Pazé foi fotografado no topo de edifícios do centro de São Paulo e agora sobe pelas paredes no Sesc Pinheiros, expressando um dos conceitos centrais da mostra “Sujeito: Corpo”: vencer as limitações impostas por um corpo que não corresponde a padrões estabelecidos. Obras de sete artistas foram selecionadas para representar conceitos altamente discutíveis quando o assunto é performance física e bom desempenho corporal. “Deriva” (2009), de Sonia Guggisberg, por exemplo, evoca a primeira lei de Newton, que afirma ser a inércia a qualidade natural de um corpo, “a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças a ele impressas”.

Com três projeções, a videoinstalação apresenta um corpo que boia à deriva, num deslocamento lento, constante e repetitivo, tratando-se, afinal, de um movimento imposto por uma vontade alheia à do náufrago. O trabalho pertence à série “(I)mobilidade”, que representa nadadores com seus movimentos travados e impedidos por forças contrárias. Se os limites e as superações físicas dão a tônica dos discursos expostos, a obra de Oriana Duarte navega no sentido de evidenciar as conjunções possíveis entre o trabalho artístico e a atividade esportiva. Com imagens captadas ao longo de muitas horas de práticas esportivas a bordo de um barco doublé skiff, a instalação “Plus Ultra” (2007–2009) é o resultado de dois anos de pesquisas da artista-esportista, integrando as áreas de artes plásticas e de estudos do corpo.

Roteiros
O AVÔ DO VÍDEO

Na era da comunicação móvel, somos todos jornalistas. Qualquer um, com um pouco de talento, é capaz de transformar uma história pessoal em notícia. Mas o que hoje reconhecemos como ausência total de fronteiras entre espaço público e privado tem uma história mais antiga do que parece. Essa história está contada na série televisiva “Super 8 – Tamanho também É Documento”, que, em 13 episódios temáticos, resgata um suporte cinematográfico praticamente esquecido do grande público. Antes do blue-ray, existia o DVD. Antes do DVD, existia o VHS. Antes do VHS, existia o super-8. Clovis Molinari Jr., diretor do programa, ensina à atual geração de blogueiros que a câmera super-8 surgiu em 1964 como um eletrodoméstico, uma espécie de máquina de fotografar em movimento, a serviço da vida familiar. “O super-8 mostra como aquela geração registrou sua vida e processou o mundo”, diz o diretor, também apresentador do programa. Logo, o formato seria “saqueado pelos filhos dos aficionados”, jovens dispostos a tudo, menos à documentação da vida doméstica. “As imagens do lar, doce lar teriam fim”, afirma Molinari. É aqui que começa a vida subversiva, artística, política e experimental desse formato cinematográfico, que já ganhou circuitos, mostras, exposições e teses acadêmicas, mas só agora chega à televisão. Hoje, toda aquela produção virou documento. E essa dimensão está muito bem apresentada pelo programa, que mostra, entre outras pérolas, imagens do velório de Glauber Rocha, da derrubada do prédio da União Nacional dos Estudantes, no Rio, e um filme de ficção, feito por estudantes de filosofia da UERJ , em 1979.

Virtuais
A INTERNET COMO ESPAÇO EXPOSITIVO

Pioneiros da Arte.BR / http://www.youtube.com/user/premiosergiomotta/ até 6/2

Abraham Palatnik, Waldemar Cordeiro, Carlos Fadon Vicente, Regina Silveira, Rafael França e outros autores considerados precursores da artemídia – campo de produção que integra arte e mídias digitais – encontram finalmente um lugar na rede. Hospedada no canal do Instituto Sergio Motta no YouTube, a mostra “Pioneiros da Arte.BR” apresenta ao grande público internauta nove obras fundamentais quando o assunto é tecnologia. Com curadoria de Nina Gazire, web-editora do ISM, a mostra abre uma temporada de exposições no site de compartilhamento de vídeos.

Posted by Ana Elisa Carramaschi at 4:09 PM