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novembro 30, 2009

Grafites no Masp criam elos com a cidade por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 26 de novembro de 2009.

A exposição "De Dentro para Fora, de Fora para Dentro" culmina o processo de renovação do Masp (Museu de Arte de São Paulo), após um longo período de decadência.

Há três anos, quando Teixeira Coelho assumiu a função de curador, o museu não só organizava poucas mostras como chegou a ter a energia cortada por falta de pagamento.

Desde então, o Masp passou a exibir melhor o acervo, tem um conselho que de fato decide sobre os rumos curatoriais e reconquistou seu público, voltando a ser o museu mais frequentado da cidade.

Essa nova fase se fortifica com uma exposição que busca o diálogo com artistas em geral também envolvidos com a arte de rua, levando o museu a criar, novamente, diálogos com a cidade. Era assim que ocorria nas origens da instituição, especialmente em mostras organizadas por Lina Bo Bardi, sobre arte popular ou moda, por exemplo.

Em "De Dentro para Fora...", Carlos Dias, Daniel Melim, Ramon Martins, Stephan Doitschinoff, Titi Freak e Zezão, todos da galeria Choque Cultural, intervêm no subsolo do Masp de forma diversificada e experimental.

Não se trata de uma transposição ilustrativa da arte de rua, mas de formas possíveis de intervenção num museu, algumas mais eficientes e outras nem tanto.

Doitschinoff, por exemplo, pode ser visto numa instalação com temática religiosa -que não deixa nada a desejar a obras contemporâneas-, apresenta documentação de impressionantes ações em outras cidades e exibe ainda trabalhos em pequenos formatos.

Já Zezão, que costuma fazer grafites em bueiros e esgotos da cidade, recria um desses ambientes numa cenografia um tanto exagerada onde pode ser visto um documentário sobre suas ações, além de também apresentar obras e fotos documentais de suas intervenções.

Em ambos, se percebe como a mera ação dentro do espaço museológico não é suficiente. A documentação, assim, torna-se um instrumento necessário. A montagem da mostra também se revela afinada, ao deixar muitos espaços livres, fazendo com que a cidade seja vista todo o tempo. Sem apelação, "De Dentro para Fora..." é um novo capítulo no debate sobre a institucionalização da arte de rua.

Posted by Cecília Bedê at 2:55 PM | Comentários(1)
Comments

Isso sim é fundamentalmente necessário! O grafite é livre... Muito diferente da arte institucional, desnecessária.

Posted by: Roberto Silva at dezembro 1, 2009 1:18 AM
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