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novembro 30, 2009
Instituição cria confusão conceitual por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 30 de novembro de 2009.
É bastante esquizofrênica a dupla de exposições em cartaz no Instituto de Arte Contemporânea (IAC): "Natureza e Destino", Sobre a Obra de Miguel Bakun (1909-1963), com curadoria de Eliane Prolik, e "Da Estrutura ao Tempo", sobre Hélio Oiticica (1937-1980), com curadoria de Cauê Alves.
Sem dúvida são duas individuais, com curadores distintos, mas que, ao serem reunidas no mesmo período e na mesma instituição, dão a (falsa) impressão de apresentar algo em comum. Já é fato na cidade que museus tenham designações incongruentes com seus acervos; afinal, o melhor do Museu de Arte Moderna de São Paulo é sua coleção de arte contemporânea, e o melhor do Museu de Arte Contemporânea da USP é seu acervo moderno.
Exatamente por isso o IAC poderia afastar-se dessa confusão. Dedicado a artistas que transitaram do moderno para o contemporâneo, como Sérgio Camargo, Amilcar de Castro, Willys de Castro e Mira Schendel, o IAC tem sido um dos poucos espaços da cidade a apresentar uma produção que, entre os anos 1950 e 1970, representou uma virada fundamental na arte brasileira.
Nesse sentido, a mostra com os Metaesquemas e os Relevos Espaciais de Oiticica mostra coerência com a casa, pois aborda o mesmo período e temática dos artistas que justificaram a criação do instituto.
Contudo, a originalidade do paranaense Bakun reside basicamente em pinturas de paisagens de sua terra natal, com uma temática regionalista e figurativa, que nada tem a ver com Camargo, os Castros e Schendel, denotando uma confusão conceitual da instituição.
Ao menos, no que tange à sala dedicada a Oiticica, o curador problematiza algo que tem muito a ver após o incêndio que destruiu parte do acervo do artista, no qual justamente os Metaesquemas teriam sido grandes vítimas, mas acabaram sendo preservados em sua maioria.
"Não há porque levar a sério minha produção pré-59", escreveu Oiticica, em 1972, desprezando justamente os Metaesquemas, feitos em 1957 e 1958. Atentar à preocupação fundamental da obra de Oiticica é fugir do objeto, mas usando-o para provocar uma reflexão, como faz Alves, é provocar um debate necessário.
Isso ainda é necessário?
Posted by: Roberto Silva at dezembro 1, 2009 1:07 AMAcredito que este comentário acima, não define nada as direções da arte moderna e contemporânea e muito menos feliz é a pressão feita sobre a restrição das ações de um espaço espositivo.
Observar novas ações e novos contextos. isto deve ser exercício maior do que a crítica descabida.
Posted by: Julio Moreira at dezembro 4, 2009 9:53 AM