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novembro 9, 2009
Viagem à Lua por Eduardo Veras, Zero Hora
Matéria de Eduardo Veras originalmente publicada no jornal Zero Hora em 9 de novembro de 2009.
Módulo Lunar figura entre as obras de maior sucesso da 7ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Plantada no Armazém A6 do Cais do Porto, dentro da exposição Árvore Magnética, a peça tem chamado atenção tanto de crianças quanto de adultos, que se dedicam a andar vagarosamente em torno dela, observando, esperando os movimentos seguintes, fotografando cada pequena alteração – e sempre com muito interesse.
No interior de uma exposição por vezes difícil, Módulo Lunar é um convite à fruição criativa. À primeira vista, remete, como já sugere o título, a um veículo espacial, semelhante àqueles dos anos 1960, aos tempos do Projeto Apollo e do esforço norte-americana para alcançar a Lua. A graça, na Bienal, vem do fato de a obra, apesar da aparência muito fidedigna, ser feita de forma bastante tosca, com material de uso cotidiano, sobretudo tubos, canos e conexões de plástico.
Em seguida, quando os mediadores da Bienal colocam uma espécie de partitura no coração da nave, ela passa a executar, sozinha, um roteiro previamente programado. São 10 partituras diferentes, combinando músicas (não por acaso, citações de famosas trilhas de ficção científica, pinçadas de filmes como 2001 – Uma Odisseia no Espaço ou Contatos Imediatos do Terceiro Grau) e outros efeitos. O módulo de plástico faz soar uma sirene, larga bolhas de sabão, dispara jatos de fumaça branca. Cada partitura corresponde ao que seria uma diferente etapa de uma viagem à Lua, do teste de equipamentos a um imaginário encontro com os selenitas.
– Fica num meio caminho entre a pianola e a caixa de música, entre o lúdico e a poesia – resume o próprio autor do Módulo Lunar, o artista Paulo Nenflídio, 33 anos, paulista de São Bernardo do Campo, até então desconhecido do público porto-alegrense.
Formado em Artes pela USP, ele também é técnico em Eletrônica e faz questão de montar sozinho cada uma de suas obras (dá para conhecer outras delas no site oficial do artista: http://paulonenflidio.vilabol.uol.com.br).
A Bienal segue até 29 de novembro, de terças a domingos, com entrada franca.