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novembro 3, 2009
Mostra ressalta importância que escultor dava à fotografia por Fabio Cypriano, Folha de S.Paulo
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo, em 1 de novembro de 2009
Entre destaques está painel com 71 fotos que reproduz montagem de 1900
O escultor francês Auguste Rodin (1840-1917) já foi tema de duas exposições antológicas na Pinacoteca do Estado. A primeira, em 1995, reuniu 200 mil pessoas e representou a consagração do espaço como o museu mais dinâmico da cidade. Já em 2001 foi a vez de "A Porta do Inferno", que consumiu 20 anos de trabalho de Rodin, levar novas hordas de visitantes ao local.
Assim, em menos de 15 anos, "Rodin: do Ateliê ao Museu", em cartaz no Masp (Museu de Arte de São Paulo), traz novamente obras do escultor. Redundante? Não. A mostra apresenta um tema relevante não só em seu processo como também para a própria arte moderna: a importância da fotografia.
A exposição, organizada em parceria com o Museu Rodin, em Paris, reúne 22 esculturas e 194 imagens que refletem a relação de fato intensa entre o artista e seus fotógrafos. Rodin começou a registrar suas obras e seu ateliê em 1880, quando esse procedimento tornava-se mais maduro, após 40 anos de experimentação.
Em seus arquivos, foram encontradas nada menos do que 25 mil fotografias, sendo que 7.000 delas foram encomendas do próprio Rodin. Por tudo isso, pode-se perceber como mesmo os fotógrafos se interessavam em registrar as esculturas de Rodin, um objeto mais simples de trabalhar, quando eram necessários alguns minutos para conseguir registrar uma imagem com foco.
Desde 1896, o artista exibia suas esculturas junto de fotografias, o que comprova a importância que Rodin dava a estas últimas. No Masp, um dos exemplos mais significativos disso é o painel com 71 fotos de Eugène Druet expostas da mesma maneira como o artista e seu fotógrafo o fizeram em 1900, em sua exposição na place d'Alma. Composto por imagens ora repetidas, ora realizadas por ângulos distintos, esse painel é um testemunho de que Rodin não via a fotografia somente como um registro mas como algo mais complexo.
Nos tempos modernos, que se firmavam na virada do século 19 para o 20, quando Rodin realizou tal exposição, a aceleração dos processos de reprodução e circulação era fundamental, e a fotografia, um de seus meios mais eficazes.
Rodin era tão consciente do papel crescente desse processo e do eventual prejuízo que ele poderia causar, que tinha contratos de exclusividade com os fotógrafos com quem trabalhava, controlando seu modo de fazer. No contrato assinado com Ernest Bulloz, um dos presentes na mostra, ele manteve para si "a direção artística da reprodução de suas obras no que tange à iluminação e à forma de exposição".
O percurso da mostra, então, apresenta os vários fotógrafos de diversas nacionalidades que trabalharam com Rodin num sistema de real parceria, como Eugène Druet, seu favorito, Bulloz, que o sucedeu, e os experimentais ingleses Stephen Haweis e Henry Coles, que gostavam de registrar as esculturas no momento do pôr do sol.