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setembro 16, 2009
''Bienal será lembrada por inovar'' por Camila Molina, O Estado de S. Paulo
Matéria de Camila Molina originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo em 16 de setembro de 2009
Setembro começou bem para a Bienal de São Paulo: no dia 1º, a instituição recebeu o ministro da Cultura, Juca Ferreira, que oficializou mais uma vez seu apoio à direção executiva da entidade, anunciando verba de R$ 4 milhões para que já se iniciem neste ano as reformas necessárias no prédio e colocando a fundação como peça-chave do Programa Brasil Arte Contemporânea, do Governo Federal. Mais ainda, Juca Ferreira apresentou o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, professor da Unicamp, como representante do Ministério na diretoria da Bienal, presidida pelo consultor Heitor Martins. Naquele mesmo dia, a Bienal realizou um jantar que arrecadou cerca de R$ 1,1 milhão para a instituição. E já pretende fazer outros eventos desse tipo, como um jantar beneficente este ano no Rio.
A todo vapor, Martins e sua equipe vão dando os passos para reestruturar a instituição, desgastada por crise de longa data, e ainda levando adiante o projeto de realização da 29ª Bienal de São Paulo, prevista, segundo ele, para ser inaugurada dia 21 de setembro de 2010 e encerrada em 13 de dezembro de 2010, tendo entrada gratuita. Com curadoria geral de Moacir dos Anjos, será mostra de fôlego, contando com participação em torno de 150 artistas (muitos deles já definidos, segundo a diretoria) e itinerâncias da exposição por outras cidades do País em 2011. A seguir, leia entrevista que Martins, acompanhado de Miguel Chaia, membro de sua diretoria, concederam ao Estado.
Depois do apoio oficial e direto do Ministério da Cultura, há já alguma novidade no projeto da Bienal de São Paulo? Poderia explicar melhor a entrada de Laymert Garcia na diretoria executiva da fundação, como representante do governo federal e qual será seu papel?
A entrada do Laymert foi excelente. Eu não o conhecia. Ele já participou de nossa reunião no dia 7 e foi ótima a discussão, já está totalmente integrado. A sugestão do nome dele foi do próprio Ministério, mas isso é a porta de entrada: uma vez na direção, ele participa como todos os outros.
Essa é a entrada do Governo Federal na Bienal como o sr. afirmou ser seu desejo colocar o poder público, de cada esfera, na instituição. Mas esse é o único?
É o primeiro, não vamos dizer que por enquanto o único. Nossa diretoria é colegiada, todas as discussões são trazidas para a mesa e todos os diretores debatem e dão seu voto. Laymert passa a ser integrante no time e ele, por afinidade, por ter em sua formação os temas institucionais, estará relacionado ao fortalecimento da portaria Brasil Arte Contemporânea.
A Bienal já pediu que os outros poderes públicos indiquem nomes para a diretoria da instituição?
Pedimos que cada poder indicasse um nome. O governo do Estado seria muito interessante que participasse, ele precisaria formalizar uma parceria mais próxima com a Bienal para que isso acontecesse. O município tem, é o proprietário do prédio e nos fornece uma verba anual (de R$1,8 milhão).
E já há alguma ação concreta feita com as verbas, como a do Governo Federal, de R$ 4 milhões?
A parceria com o Governo Federal é algo que vem de um diálogo de muito tempo. Temos uma agenda de reuniões quinzenais com o Ministério. Desde o princípio, na minha eleição, o ministro fez seu sinal de apoio em duas notas; desenhamos os programas de Lei Rouanet com eles e já submetemos à lei nosso projeto, de R$ 2 milhões para curadoria e pré-projeto e R$ 27 milhões para a mostra principal. Começamos há dois meses os diálogos sobre a necessidade de se reformar o prédio e o anúncio dos R$ 4 milhões para isso é, de uma certa forma, um passo de uma conversa que já vinha ocorrendo, já temos um pré-plano de obras, que devemos começar ainda no fim deste ano. Vamos também começar o diálogo com o BNDES, como o ministro falou, para ver se a gente consegue os recursos para a climatização do prédio (R$ 10 milhões).
Qual será o papel da Bienal no programa Brasil Arte Contemporânea lançado pelo Ministério?
Tem um aspecto muito importante para o Brasil, que vai além da Bienal. Quando os artistas brasileiros são convidados para mostras importantes, como a Bienal de Veneza ou a Documenta de Kassel, nós não temos no País um mecanismo estruturado de apoio a eles, que acabam dependendo de suas galerias, ou de institutos de outros países, ou aportam recursos próprios. A ideia da portaria em parceria com a Bienal é criar um mecanismo de apoio para artistas brasileiros para que possam participar desses tipos de mostra. Eles entram com pedido de apoio e a gente terá um processo definido para decidir se apoia e como apoia. Idem com publicações lá fora. A maior parte das publicações sobre arte brasileira é feita aqui no Brasil e poucas publicadas no exterior. O MinC cria um marco regulatório para isso com o programa, com aporte de recursos e um comitê. A Bienal fornecerá um tipo de estrutura para isso, será um braço executivo. A Bienal poderá contribuir, fazer seu papel institucional, além de preparar a mostra.
E a questão do Pavilhão Brasil da Bienal de Veneza?
Estamos finalizando a renovação do convênio da Bienal de São Paulo com o Ministério da Cultura e com o Ministério das Relações Exteriores, é tema que nos próximos dois meses a gente resolve.
Já estão definidas as itinerâncias da 29ª Bienal para 2011?
Serão entre 9 e 12 mostras itinerantes. Possivelmente, um núcleo vai itinerar pelo interior de São Paulo e dois pelo Brasil, passando por três ou quatro cidades. Antes da itinerância, também teremos uma coordenação com as outras instituições de São Paulo. Vamos apresentar aos diretores das instituições esboço de plano de divulgação conjunta, contemplando uma campanha de marketing no exterior e uma publicação, tipo um jornal ou uma revista da Bienal, para a época do evento que contemple as outras mostras da cidade e, eventualmente, até um catálogo conjunto.
A 29ª Bienal poderá ter um perfil mais conservador depois de a instituição ter passado por um período de desgaste e crise tão intenso que se refletiu com a Bienal anterior, a apelidada Bienal do Vazio? Falou-se também na expectativa de 1 milhão de visitantes.
Acho que a 29ª Bienal será muito importante, porque consolidará um novo modelo das bienais, que vem em gestação desde a década passada: sem representações nacionais, sem núcleos históricos, uma mostra dedicada ao estudo da arte contemporânea.
Como estão as dívidas da Bienal de São Paulo?
Estamos pagando as da 28ª Bienal, que são por volta de R$ 800 mil, por meio de recursos da Lei Rouanet e doação do Banco ABC e da Oi. As da 27ª Bienal, em cerca de R$ 200 mil, vamos liquidar com recursos do jantar. Temos também dívidas com fornecedores, de R$ 200 mil.
E a dívida de R$ 500 mil ao ex-presidente Manoel Pires da Costa?
Nós ainda não entramos nesse tema.
PRÓXIMOS PASSOS
CURADORES: Ainda este mês serão anunciados os três curadores internacionais da equipe da 29.ª Bienal, coordenada por Moacir dos Anjos. O curador brasileiro Agnaldo Farias já faz parte, assim como a arquiteta Marta Bogéa, Stela Barbieri (programa educativo) e Felippe Crescenti (projeto gráfico).
JANTAR: Até o fim do ano, será realizado no Rio um jantar para a apresentação do projeto da Bienal aos cariocas e, também, arrecadar fundos.
que bom que estão retomando a bienal, com pessoas como o laymert na equipe !! boa sorte a todos!
Posted by: silvia mecozzi at outubro 16, 2009 8:28 AM