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agosto 24, 2009
Mostra é a 1ª individual do pintor no Brasil por Ernane Guimarães Neto, Folha de S. Paulo
Mostra é a 1ª individual do pintor no Brasil
Matéria de Ernane Guimarães Neto originalmente publicada no Caderno Mais no Jornal Folha de S. Paulo, em 23 de agosto de 2009.
A exposição "Matisse Hoje", na Pinacoteca do Estado, é uma das principais iniciativas do Ano da França no Brasil.
Mais do que a primeira retrospectiva no país dedicada especificamente ao pintor francês, com o apelo popular do nome famoso, a mostra tem um papel de "resistência": Henri Matisse (1869-1954) é um contraponto às vanguardas cerebrais ou esquemáticas do século 20 e continua sendo uma influência central para críticos e artistas plásticos, inclusive no Brasil .
A exposição será aberta para o público em 5 de setembro. A Pinacoteca abriga também, de 8 a 10 desse mês, um colóquio internacional em que tais questões serão debatidas.
Por exemplo, a professora da USP e curadora Sônia Salzstein apresentará a comunicação "Matisse - Imaginação, Erotismo e Visão Decorativa", nome semelhante ao do livro que ela organiza pela Cosac Naify.
Revolução discreta
Emilie Ovaere, curadora da exposição, falará sobre "os descendentes abstratos de Matisse modernos e contemporâneos". Ovaere, que é curadora-adjunta do Museu Matisse de Cateau-Cambrésis (cidade natal do artista), defende o pintor da acusação de conservador quando comparado a Picasso e outros contemporâneos: "Matisse era menos heroico ou extravagante. Era revolucionário, mas mais reservado".
Um exemplo de técnica moderna desenvolvida por Matisse privilegiada pela curadora é o "papel recortado" -utilizado frequentemente em capas de livros.
A seleção tem cerca de 80 obras de Matisse emprestadas de coleções francesas -não espere ver "A Dança"- e a participação de artistas contemporâneos em diálogo com elas.
Ovaere orienta o olhar do visitante: "Matisse olhou para coisas simples, que todos podem ver: flores, paisagens, jardins, mulheres, tecidos. A exposição mostra que ele tem uma atitude simples em relação à vida cotidiana. Não é algo intelectual, é algo que se sente. É por isso que Matisse é tão popular; tem uma sensibilidade que é imediata".