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agosto 11, 2009
Iconoclastia de Paulo Brusky é sintetizada em livro, Jornal do Commercio
Matéria originalmente publicada no Jornal do Commercio, em 20 de julho de 2009.
O artista plástico Paulo Bruscky era um homem com pressa. Sua obra – pouco compreendida e isolada em Pernambuco, na sua época – precisou de novos meios para se fazer existir. Foi assim, meio por necessidade, meio por alinhamento às ideias da arte conceitual em formação, que Bruscky aderiu e ajudou a formatar a arte postal.
Durante anos, ele trocou correspondências com artistas de vários países. Em microcartas, cartões postais e envelopes, o artista, a seu modo – iconoclasta, sintético e irônico – também ajudou a denunciar a ditadura militar no Brasil. Parte desta história está contada no livro Paulo Brusky: arte em todos os sentidos, um registro da sua exposição na última Bienal de Havana, escrito pela crítica e curadora de arte Cristiana Tejo, que será lançado nesta segunda-feira (20), às 18h, no Museu do Estado.
Embora a arte postal represente uma parte significativa do trabalho de Paulo Bruscky, ela não é a única tratada pelo livro. Outras obras, como poemas-perfomances, os livros de artista, as pichações e as experiências com xerogravuras (gravuras feitas em máquinas de xérox) também estão presentes na obra, que é publicada com apoio dos governos do Estado de Pernambuco e Federal. A diversidade de materiais, suportes e formatos disponíveis no trabalho de Paulo Bruscky está ligada à maneira livre como o artista sempre explorou as possibilidades criativas da arte contemporânea.
Apesar de toda essa pluralidade de imagens, o livro ressalta que é no pensamento, na linha de condução de todas essas peças, que Bruscky mantém sua unidade. O artista é um autor de não-manifestos por excelência. Entre as suas criações há frases-título como “O que é arte? Para que serve?” e a obra Limpo e desinfetado, na qual se lê: “Artistas prontos para exposições, salões, bienais, convenções, debates, acontecimentos, performances, cursos, sessões de tempestade cerebral, etceterarte...”.
“A arte é uma forma de ver, não de fazer” é outra máxima repetida por Bruscky – e que bem expressa tanto seu pensamento quanto sua estética, como lembra Cristiana na abertura do livro. O Museu do Estado fica na Av. Rui Barbosa, 960, Graças.