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julho 9, 2009
Rio terá museu em sua zona portuária por Silas Martí, Folha S. Paulo
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada no jornal Folha S. Paulo, em 7 de julho de 2009.
Futura Pinacoteca do Rio vai ocupar palácio em estilo eclético na praça Mauá
Nova instituição, parceria da prefeitura com Fundação Roberto Marinho, não terá acervo fixo e vai expor obras de coleções privadas do Rio
O antigo edifício D. João 6º, na praça Mauá, zona portuária do Rio, será convertido em museu. Até agora chamado de Pinacoteca do Rio, sairá de uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho e a prefeitura.
Depois de uma disputa pela posse do prédio, que pertencia ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira e passou para a Docas, autoridade portuária do Rio, o palacete acaba de ser desapropriado pela prefeitura e deverá ser restaurado -dentro do projeto municipal de revitalização do cais do porto- para abrigar o futuro museu, com inauguração prevista para 2011.
Ainda não há detalhes das intervenções no espaço e nenhum arquiteto foi escalado para cuidar da reforma. Segundo o Instituto Pereira Passos, órgão de planejamento municipal do Rio, será uma adaptação de R$ 25 milhões -R$ 15 milhões para restaurar o prédio que ficou abandonado e R$ 10 milhões para instalar o museu.
Os recursos devem vir da prefeitura, que estuda parcerias com a iniciativa privada. Segundo o prefeito Eduardo Paes, o município também tem condições de arcar com o custo total das obras no palacete.
Será o primeiro museu carioca gerido por organização social, modelo recém-aprovado no Rio e já usado em museus de São Paulo, como a Pinacoteca do Estado. Nesse tipo de gestão, o museu recebe uma dotação orçamentária fixa do poder público, mas toma as próprias decisões internas, como contratações, gastos e outras medidas.
No caso, a Fundação Roberto Marinho fica encarregada de ocupar o museu e definir suas exposições. A princípio, a Pinacoteca do Rio não terá acervo fixo e fará mostras temporárias com obras emprestadas de coleções privadas do Rio.
"A gente chama de pinacoteca em rede, porque vai conectar colecionadores", diz Hugo Barreto, secretário-geral da fundação. Segundo a Folha apurou, devem integrar as mostras do espaço obras dos colecionadores João Sattamini, Gilberto Chateaubriand, Ronaldo Cezar Coelho, entre outros.
Barreto e o curador Paulo Herkenhoff, que presta consultoria ao novo museu, reconhecem que será um desafio organizar uma instituição sem acervo fixo, que pode implicar uma falta de identidade para o espaço, mas veem o museu mais como articulador do que depositário de uma coleção.
"Não estamos pedindo que ninguém esquarteje sua coleção para doar para a gente", diz Barreto. "A gente não pretende ser proprietário ou comodatário de nenhum acervo."
"Serão exposições sempre temporárias, porque a ideia é movimentar coleções", afirma Herkenhoff. "Uma das intenções desse projeto é fortalecer o colecionismo." Por esse mesmo motivo, o curador discorda do nome até agora dado ao museu, já que pinacoteca se refere a uma coleção de pinturas.
"O perfil, a vocação e a missão desse museu ainda estão por serem discutidos publicamente", conclui Herkenhoff.