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maio 28, 2009
Eleição tem Martins como candidato único por Fabio Cypriano, Folha S. Paulo
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada no jornal Folha S. Paulo.
Hoje, o Conselho da Fundação Bienal escolhe o novo presidente da instituição e deve eleger o empresário e colecionador Heitor Martins, 41, que é candidato único.
A eleição tem início às 18h, a portas fechadas. Segundo o estatuto da Bienal, o candidato é eleito por maioria simples e votos por procuração são aceitos. Não há quorum mínimo, e apenas na hora será decidido se o voto será aberto ou fechado.
"Dificilmente outro candidato aparecerá. Heitor tem apoios fortes e proposta inovadora. Estou aqui há 20 anos e foi a primeira vez que recebemos o projeto de um candidato", disse o arquiteto Miguel Pereira, presidente do Conselho, à Folha.
Martins é casado com Fernanda Feitosa, criadora e diretora da SP Arte, que ocorre anualmente no pavilhão da Bienal, o que fez com que tal relação fosse analisada pelo presidente do Conselho: "Consultei os juristas [e conselheiros] da Bienal, Carlos Bandeiras Lins e Manoel Whitaker Salles. Eles não veem problemas, o contrato da feira é anterior à eleição do novo presidente".
Tal consulta foi motivada pois o atual presidente, Manoel Francisco Pires da Costa, chegou a contratar sua mulher para cuidar do paisagismo do prédio, ação considerada irregular pelo estatuto. Pires da Costa teve de firmar um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público, em 2007.
Segundo o documento, "a Fundação e seu presidente obrigam-se a não mais firmar qualquer tipo de contratação, direta ou indireta, com Diretores, Conselheiros e parentes destes até o 3º grau".
"A SP Arte já tem cinco anos, e a relação com a Bienal é clara e pré-definida. Como é um fato que me antecede, não há problema", disse Martins. A Folha procurou o Ministério Público Estadual, ontem e anteontem, para saber se há algum problema na relação de Feitosa com a Bienal, mas não teve resposta.
Martins possui ainda vínculo com o mercado: "Sou colecionador e colecionar não é só acumular. Vender obras para adquirir outras é uma forma de manter a coleção viva, de reciclar o acervo", justifica ele.
Em carta aos conselheiros, o candidato propôs que sua posse ocorra em até 60 dias, após um período de gestão compartilhada, na qual as contas da Bienal tenham uma sensível melhora -as dívidas estão em cerca de R$ 4 milhões.
"O estatuto já propõe que a posse ocorra em até 60 dias", disse Pereira. Segundo a Folha apurou, além do ministro da Cultura Juca Ferreira, Martins encontrou-se ontem também com o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil.