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Como atiçar a brasa

 


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maio 11, 2009

Cartas-bomba por Paul Starr e Steven Johnson, Folha S. Paulo

Fragmentos de troca de cartas entre Paul Starr e Steven Johnson originalmente publicados no Caderno Mais! da Folha de São Paulo, em 10 de maio de 2009.

Em troca de mensagens, Steven Johnson defende a web como espaço de ampliação da cidadania, enquanto Paul Starr diz que mídia impressa é central para o combate à corrupção e para a sobrevivência da democracia

(...)

16 de abril de 2009

Caro Paul,

É verdade que sou otimista quanto às possibilidades de longo prazo do jornalismo, mas a última coisa que quero fazer é incentivar a "inação". O objetivo todo de meu argumento é sugerir um futuro otimista e inspirar as pessoas a construí-lo. Você quer ação para preservar um modelo de jornalismo de jornais que nos serviu bem durante um século. Eu acho que podemos construir algo melhor.

Você fala das forças de longo prazo que se alinharam contra os jornais. Elas são reais. Mas você passa por cima de muitas das forças compensatórias --políticas, econômicas e tecnológicas-- que beneficiam o jornalismo e também a cultura cívica que o cerca.

Hoje vemos novas e vastas eficiências na distribuição, graças à passagem da imprensa impressa à digital. Existem oportunidades inusitadas de participação na criação, curadoria e discussão das notícias. O acesso às informações governamentais se tornou mais fácil, graças em parte a iniciativas de transparência como as tomadas pela administração Obama.

Enquanto isso, novos sites --incluindo um que eu criei, Outside.in-- permitem aos cidadãos tratar de questões "hiperlocais" ao nível de quarteirões e bairros das cidades, coisas que os jornais de cidades jamais poderiam alcançar.

Tudo isso vem acompanhado da capacidade de agregar muitas vozes diferentes num único site, sem pagar pelos custos de criação desse conteúdo. E não se esqueça dos US$ 10 bilhões de publicidade local que virão on-line nos próximos cinco anos.

Mas não falemos das tendências de longo prazo. Falemos sobre o que está acontecendo agora mesmo em minha cidade natal, Brooklyn.

Você fala do declínio da cobertura jornalística do governo estadual em Nova Jersey. Nos últimos três anos, a questão cívica dominante em Brooklyn tem sido a polêmica em torno de um grande projeto de reurbanização, o Atlantic Yards.

No Outside.in, a página dedicada ao Atlantic Yards reúne notícias, reportagens, comentários e bate-papo. Nos últimos cinco dias saíram 30 artigos. A edição impressa do "New York Times" publicou exatamente uma matéria nos últimos 30 dias mencionando o assunto.

Quão mais rica será a cobertura de uma questão pública importante como o Atlantic Yards nos próximos cinco anos? Como você diz, é arriscado dar um palpite, então imaginemos um futuro baseado inteiramente em empreendimentos e sites já existentes.

Eis o que eu acho que existirá. Grandes bloggers, como o blog imobiliário do Brooklyn Brownstoner, vão apresentar notícias pela primeira vez, comentar acontecimentos e até ganhar dinheiro. Plataformas de dados como Everyblock vão informar as pessoas sobre novos empreendimentos imobiliários. Pessoas e sites com paixão por trazer fatos escusos à tona --como o corajoso blog Atlantic Yards Report-- vão comparecer a todas as audiências públicas para formular perguntas difíceis e vão postar na internet transcrições das audiências, com comentários adicionais. Amadores locais vão vasculhar documentos públicos em busca de detalhes reveladores, e pais presentes às audiências escreverão em blogs sobre o impacto sobre escolas específicas à sombra do projeto. E sites como o Outside.in vão circular as observações deles a leitores que vivem nessa zona escolar, enquanto novas organizações beneficentes como a Spot.us vão financiar artigos investigativos sobre o histórico passado das empresas envolvidas na construção.

Se forem espertos, jornais de Nova York como o "Times" e o "Post" vão aproveitar essa cobertura, compartilhá-la com seus leitores, usá-la para vender anúncios locais e às vezes colocar um de seus repórteres treinados para desenvolver artigos novos.

Estes últimos, por sua vez, acrescentarão valor enorme à cadeia de informação, e o ciclo inteiro recomeçará.

Sim, é verdade que no final desse processo haverá menos jornalistas oficiais de jornais cobrindo acontecimentos como o Atlantic Yards. Mas haverá um declínio correspondente no engajamento cívico público? Não acredito. Você fala sobre o velho sistema dos jornais aumentar o engajamento em parte porque as pessoas tropeçavam na primeira página a caminho das páginas de quadrinhos. Eu nem sequer aceito essa premissa. Desconfio que a web vai mostrar-se muito mais afortunada que os jornais impressos. Mas, mesmo que não o seja, qual sociedade lhe parece incluir mais participação cívica? Uma em que o noticiário é controlado por uma pequena minoria e onde as interações cívicas das pessoas acontecem como leitura feita a caminho da seção de esportes? Ou uma em que milhares de pessoas comuns participam ativamente na criação do próprio noticiário?

Steven


17 de abril de 2009

Prezado Steven,

Que tal olharmos mais de perto a seu negócio, o Outside.in, e ver se funciona como substituto do jornalismo profissional.

Vejo que, quando você lançou o Outside.in, em outubro de 2006, empregou o mesmo exemplo do projeto Atlantic Yards. Dois anos e meio já se passaram desde então, e tenho certeza de que você já deve ter outro. Mas qualquer pessoa que navegue por seu site verá que ele não faz reportagem investigativa. Pelo que pude apreender, ele não faz nenhum trabalho de reportagem próprio. Ele agrega o que aparece em outros lugares. Não parece haver qualquer critério de relevância ou importância. E, se o que aparece em outros lugares é lixo, o site ajuda a difundir esse lixo, porque, por sua própria natureza, um site de notícias automatizado não possui aquilo que tem todo bom editor: um detector de lixo.

Você se refere a um blog chamado Atlantic Yards Report como uma das fontes chaves das notícias sobre o Brooklyn publicadas no Outside.in.

Chequei essa informação com o editor do Report, Norman Oder. Eis o que ele disse em resposta à pergunta de se o Outside.in faz qualquer trabalho de reportagem ou exerce qualquer seleção editorial: "O Outside.in não 'cobre' o Atlantic Yards e, a meu ver, não exerce virtualmente nenhum impacto sobre a discussão local. Ele apenas agrega uma multidão de cobertura noticiosa e de blogs, pegando carona especialmente no meu blog e no portal NoLandGrab.org".

É claro que você não paga Oder ou qualquer outra pessoa pelo uso de seu trabalho. Isso pode ser um bom modelo econômico. Mas, se é um modelo para resolver os problemas do jornalismo, isso é outra história.

Vamos também olhar mais de perto o discurso que você vem usando para colocar-se como corajoso defensor da inovação. Você diz que eu "quero agir para preservar um modelo de jornalismo impresso".

Mas, como deixei claro num artigo recente, "Adeus à Era dos Jornais" [publicado em 4/3 na "New Republic"], precisamos buscar novas formas de jornalismo adaptadas às exigências de um ambiente digital, aproveitando plenamente as vantagens deste. O problema é que o tipo de inovação que você está promovendo não responde com eficácia ao problema triplo que mencionei: financiar o jornalismo de serviço público, engajar o público e gerar responsabilidade política.

Sites como o seu, que tiram notícias, comentários --e lucros-- da web dependem inteiramente de que outros paguem pelo trabalho original de reportagem. Alguns blogueiros podem dar furos jornalísticos ocasionais, mas fazer de conta que eles possuem as capacidades de um grande jornal metropolitano é enganoso.

Um site que tira notícias de outros lugares pode ampliar o público do material que coleta, mas, se existe algum efeito de engajar o público, isso acontece porque outros estão fazendo o trabalho. Engajar o público requer que se identifiquem os acontecimentos e apontem seu sentido, e não apenas que se reproduzam informações (e desinformações) isoladas.

Finalmente, criar responsabilidade política efetiva requer um poder compensatório da imprensa que um site que tira notícias de outras fontes não terá. Quando falei de jornais reduzindo sua produção e da incapacidade de o jornalismo on-line preencher essa brecha, eu estava me referindo à cobertura do governo estadual em Nova Jersey. Isso é verdade, e se aplica também à cobertura dos governos de outros Estados.

Nada do que você disse propõe soluções para essa diminuição da cobertura jornalística e suas implicações para a responsabilidade política, e seu site com certeza não é uma solução --você não pode agregar artigos que não estão sendo escritos.

Para resolver esse problema serão necessários novos investimentos em jornalismo por parte de organizações sem fins lucrativos, novos modelos econômicos que financiem o jornalismo e novas políticas públicas que permitam a organizações noticiosas captar uma parte maior da receita do bem público que produzem.

E, já que estamos falando em receita, que tal pagar a Norman Oder e outros pelo trabalho que você vem divulgando como se fosse a contribuição de seu próprio site ao debate público?

Paul

(...)

Posted by Ana Maria Maia at 7:44 PM